<MOLD=2 pt><MF=27 mm><PF=15 mm><LF=164 mm><AF=259 mm><FIOH=2 pt><MF=27 mm><PF=40 mm><LF=164 mm>ATA DA QUARTA SESSÃO ORDINÁRIA DA PRIMEIRA SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA DÉCIMA SEGUNDA LEGISLATURA, EM 24.02.1997.

 


Aos vinte e quatro dias do mês de janeiro do ano de mil novecentos e noventa e sete reuniu-se, na Sala de Sessões do Palácio Aloísio Filho, a Câmara Municipal de Porto Alegre. Às quatorze horas foi realizada a  chamada, sendo respondida pelos Vereadores Antônio Losada, Carlos Garcia, Cláudio Sebenelo, Clênia Maranhão, Clovis Ilgenfritz, Cyro Martini, Décio Schauren, Eliseu Sabino, Elói Guimarães, Fernando Záchia, Gerson Almeida, Guilherme Barbosa, Hélio Corbellini, João Carlos Nedel, João Dib, João Motta, Lauro Hagemann, Maria do Rosário, Nereu D'Ávila, Paulo Brum, Pedro Américo Leal, Renato Guimarães e Tereza Franco. Ainda, durante a presente Sessão, compareceram os Vereadores Anamaria Negroni, José Valdir, Juarez Pinheiro, Luiz Braz, Pedro Ruas, Reginaldo Pujol e Sônia Santos. Constatada a existência de "quorum", o Senhor Presidente declarou abertos os trabalhos e determinou a distribuição em avulsos de cópias da Ata da Terceira Sessão Ordinária, que foi aprovada. Do EXPEDIENTE constaram: Ofícios nºs 736/97, do Vereador Nelo Rodolfo, Presidente da Câmara Municipal de São Paulo/SP; s/nº, do Vereador Claudiomar Gautério de Farias, Presidente da Câmara Municipal de São Jerônimo/RS; s/nº, da Câmara Municipal de Coxilha/RS; s/nº, do Senhor Ivonildo Andrade, Diretor da Câmara Municipal de Sapiranga/RS; s/nº, do Vereador José Antônio Neto, Presidente da Câmara Municipal de Divino/MG. À MESA foram encaminhados: pelo Vereador Carlos Garcia, 01 Pedido de Providências; pelo Vereador Guilherme Barbosa, 01 Emenda ao Projeto de Lei do Legislativo nº 167/96 (Processo nº 2855/96); pelo Vereador João Carlos Nedel, 01 Projeto de Lei do Legislativo nº 18/97 (Processo nº 589/97); pelo Vereador João Dib, 01 Pedido de Providências e 01 Emenda nº 01 ao Projeto de Lei do Legislativo nº 16/97 (Processo nº 584/97); pelo Vereador Nereu D'Ávila, 01 Pedido de Providências; pelo Vereador Paulo Brum, 01 Projeto de Lei do Legislativo nº 15/97 (Processo nº 577/97). Ainda, o Senhor Presidente deferiu os seguintes Requerimentos de solicitações de desarquivamento de processos: do Vereador Antonio Hohlfeldt, referente ao Projeto de Lei Complementar do Legislativo nº 19/96 (Processo nº 2836/96); da Vereadora Clênia Maranhão, referente ao Projeto de Lei Complementar do Legislativo nº 10/96 (Processo nº 1389/96); do Vereador Guilherme Barbosa, referente ao Projeto de Lei Complementar do Legislativo nº 05/96 (Processo nº 8703/96). Na ocasião, foram apregoados os Ofícios nºs 71 e 77/GP, do Senhor Prefeito Municipal, solicitando que esta Casa indique representantes para acompanhar Sua Excelência em viagem a Buenos Aires, a fim de participar da abertura do evento "II Porto Alegre em Buenos Aires", e  comunicando  que se ausentará do Município nos dias vinte e dois e vinte e três de fevereiro do corrente. Em continuidade, nos termos do artigo 100 da Lei Orgânica Municipal, o Senhor Presidente concedeu a palavra ao Senhor José Luís Balalaica dos Santos, Coordenador da Diretoria de Assuntos Jurídicos do Sindicato dos Bancários de Porto Alegre, que, em Tribuna Popular, teceu considerações a respeito do fechamento de agências do Banco Meridional do Brasil S/A e criticou o Plano de Reestruturação Organizacional de Demissões realizado pelo Banco. Condenou o fato de que funcionários beneficiados pelo Plano de Demissões Voluntárias tenham voltado ao trabalho através de nomeação em cargos comissionados e, finalizando, ressaltou que a responsabilidade de defesa do Banco Meridional do Brasil S/A não é só do seu quadro funcional, mas, também, dos Governos Estadual e Federal. Em prosseguimento, o Senhor Presidente convidou o Senhor José Luís Balalaica dos Santos a integrar a Mesa e informou ter sido aprovado, pela Casa, Requerimento do Vereador Guilherme Barbosa, de constituição de Comissão Externa para acompanhar a questão do Banco Meridional do Brasil S/A, já estando indicados para a mesma representantes do PSDB, PMDB, PDT, PPB, PPS, PSB, PTB e do PFL. Na oportunidade, o Vereador Gerson Almeida informou que a Bancada do PT indicará posteriormente seus representantes para a Comissão Externa acima referida. A seguir, foi iniciado o período de PAUTA. Em Discussão Preliminar estiveram: em 1ª Sessão, os Projetos de Lei do Executivo nºs 03 e 04/97; os Projetos de Lei do Legislativo nºs 73 e 140/96, este discutido pelos Vereadores Reginaldo Pujol e Cláudio Sebenelo; os Projetos de Lei do Legislativo nºs 142 e 152/96, este discutido pelos Vereadores Décio Schauren e Cláudio Sebenelo; os Projetos de Lei do Legislativo nºs 162, 172 e 153/96, este discutido pelo Vereador Cláudio Sebenelo; o Projeto de Resolução nº 04/97, discutido pelos Vereadores João Dib, Reginaldo Pujol e Clovis Ilgenfritz; e o Projeto de Resolução nº 05/97, discutido pelo Vereador Clovis Ilgenfritz; em 2ª Sessão, o Projeto de Lei do Legislativo nº 16/97. Na oportunidade, o Senhor Presidente respondeu Questão de Ordem do Vereador Reginaldo Pujol, acerca do § 2º do artigo 151 do Regimento, esclarecendo que as matérias em tramitação na Casa se encontram à disposição, no prazo regimental, na Seção de Atendimento a Vereadores e Bancadas. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Vereador Nereu D'Ávila, reportando-se a artigo publicado no jornal Correio do Povo de hoje, criticou a oposição de alguns integrantes do Partido dos Trabalhadores, à realização de pesquisa que definiria o candidato a Governador nas próximas eleições, na eventualidade de uma coligação com o Partido Democrático Trabalhista. A seguir, constatada a existência de "quorum", foi iniciada a ORDEM DO DIA. Foi aprovado o Requerimento nº 03/97 (Processo nº 29/97 - Alteração da data da Sessão Solene destinada a homenagear a Campanha da Fraternidade), de autoria da Vereadora Maria do Rosário, após ser encaminhado à votação pelos Vereadores Carlos Garcia, Maria do Rosário, Reginaldo Pujol e Fernando Záchia.  Na  ocasião,  o  Senhor  Presidente respondeu Questões de dos Vereadores Fernando Záchia, Maria do Rosário, João Motta, Luiz Braz, João Dib e João Carlos Nedel, acerca da aplicação do artigo 189 do Regimento, no referente à votação do Requerimento nº 03/97, tendo informado da viabilidade da nova data proposta, da manutenção da data original em caso de rejeição do Requerimento e da regimentalidade desse procedimento. A seguir, foi aprovado Requerimento do Vereador Adeli Sell, solicitando Licença para Tratar de Interesses Particulares, no dia de hoje. Na ocasião, o Senhor Presidente, na forma do inciso III do artigo 163, combinado com o § 7º do artigo 12 do Regimento, declarou empossada na Vereança a Suplente Maristela Maffei, após a entrega de seu Diploma e Declaração de Bens, bem como da prestação do compromisso legal e indicação do Nome Parlamentar, informando, ainda, que Sua Excelência  integrará a Comissão de Economia, Finanças e Orçamento. Em continuidade, o Senhor Presidente concedeu a palavra à Vereadora Maristela Maffei, que manifestou sua emoção por tomar posse neste Legislativo, declarando do seu compromisso em defender as causas populares, em especial a autonomia dos movimentos comunitários e do Orçamento Participativo. A seguir, foi aprovado o Requerimento nº 29/97 (Processo nº 618/97 - Sessão Especial em homenagem aos trinta anos da Lei de Imprensa), de autoria do Vereador João Motta, após ser encaminhado à votação pelos Vereadores Luiz Braz, João Motta e Reginaldo Pujol. Na ocasião, o Vereador João Dib registrou a indicação, pela Bancada do Partido Progressista Brasileiro, do Vereador Pedro Américo Leal para acompanhar o Senhor Prefeito Municipal na abertura do evento "II Porto Alegre em Buenos Aires". A seguir, foi aprovado o Requerimento nº 30/97 (Processo nº 620/97 - Sessão Solene para homenagear o Dia do Advogado), de autoria do Vereador Pedro Ruas. Em continuidade, foi iniciado o período de GRANDE EXPEDIENTE. O Vereador Juarez Pinheiro referiu-se a afirmações feitas pelo Presidente da República, de que estaria ocorrendo interferência do Poder Judiciário junto ao Poder Executivo. Criticou a forma como o Governo Federal vem conduzindo a integração brasileira ao processo de globalização da economia e, também,  dissertou sobre o problema do desemprego e do déficit na balança comercial brasileira que, no entender de Sua Excelência, são conseqüências do Plano Real. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Vereador Luiz Braz  comentou matéria do Correio do  Povo do último  domingo,  a respeito da extensão da área rural de nosso Município, tecendo considerações sobre a reforma do Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano de Porto Alegre. A Vereadora Anamaria Negroni, reportando-se ao pronunciamento do Vereador Juarez Pinheiro, solicitou que Sua Excelência se dirigisse ao Presidente da República com maior formalidade. Elogiou o pronunciamento do Vereador Luiz Braz sobre a área rural de Porto Alegre e, ainda, comentou a instalação de montadora de automóveis da General Motors em nosso Estado.  Em GRANDE EXPEDIENTE, o Vereador Eliseu Sabino manifestou seu pesar pelo falecimento do  Senhor  Mauri  Maurer,  sindicalista  do  PT,  e discorreu sobre a trajetória do Pastor da Assembléia de Deus, Senhor Carlos Mota Sobrinho, falecido no último dia vinte de fevereiro. Reportou-se a pronunciamentos feitos anteriormente pelos Vereadores Renato Guimarães e Maria do Rosário sobre os Conselhos Tutelares, propugnando por ações governamentais em defesa dos menores.  O Vereador Eloi Guimarães discorreu sobre o recente falecimento do Antropólogo  Darcy Ribeiro, enaltecendo a importância deste político e intelectual para a história do País, do seu partido, o PDT, e para as causas  que defendeu, entre elas, a questão do indígena brasileiro. O Vereador João Carlos Nedel  reportou-se à aprovação de   Moção de Solidariedade com os Vereadores da Cidade de Bolonha, Itália, em apoio às críticas ao Presidente Fernando Henrique Cardoso, por seu imobilismo na efetivação da reforma agrária.  Leu tradução do texto aprovado pelos Vereadores bolonheses, declarando que o PT induziu a erro os membros desta Casa, uma vez que  esse texto não se referia à reforma agrária. Criticou a anuência de integrantes deste Legislativo às críticas sofridas no exterior pelo Presidente da República, salientando sua condição de Chefe de Estado. O Vereador Gerson Almeida reportou-se ao pronunciamento do Vereador João Carlos Nedel, afirmando que a moção dos Vereadores bolonheses abordava vários problemas do nosso País. Comentou o pronunciamento do Vereador Nereu D'Ávila, sobre a possibilidade de uma aliança entre PT e PDT para as próximas eleições. Abordou o problema das ocupações no Morro da Glória e rebateu declarações do Ministro da Justiça Nelson Jobim,  segundo as quais o Movimento dos Trabalhadores  Sem-Terra  abrigaria foragidos da Justiça. Ainda,  referiu-se a  processo de homicídio que consta contra o Senhor Carlos Speroto, Presidente da Federação dos Agricultores do Rio Grande do Sul - FARSUL. O Vereador Guilherme Barbosa,  reportando-se ao pronunciamento do Vereador Luiz Braz, esclareceu o posicionamento  do PT sobre a área rural de nosso Município.  Teceu considerações sobre a reforma do Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano de Porto Alegre e comentou  notícias veiculadas pela imprensa sobre o financiamento de imóveis pela Caixa Econômica Federal. O Vereador Hélio Corbellini afirmou que o projeto da Administração Municipal  para Porto Alegre é maior que o PT. Analisando o fenômeno da globalização econômica e cultural, abordou o problema da violência e afirmou a necessidade de  uma veemente  ação deste Legislativo que vá além de suas funções meramente legisladora e fiscalizadora.  Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Vereador Carlos Garcia comentou a ocupação  do Morro da Glória. Também, asseverou que seu partido realizará um debate sobre o Orçamento Participativo, no próximo dia vinte e seis de fevereiro, às dezenove horas, neste Plenário,   visando discutir formas alternativas para o  encaminhamento de ações governamentais afinadas  com os interesses da sociedade.   O Vereador João Dib, reportando-se ao pronunciamento do Vereador Gerson Almeida,  referente  ao Senhor Carlos Speroto,  Presidente da FARSUL,  disse  que o processo contra  Sua Senhoria está  concluso  ao  juiz,  aguardando  data  para júri popular. Afirmou que o Senhor Carlos Speroto  foi eleito por aqueles que bem o conheciam para a Presidência da FARSUL, reiterando que um indivíduo não pode ser chamado  de criminoso antes de condenado pela Justiça.  O Vereador Gerson Almeida,  reportando-se ao pronunciamento do Vereador João Dib, declarou que não conhece o Senhor Carlos Speroto, Presidente da FARSUL,  afirmando que, com seu pronunciamento, não quis  atacar,  mas tão somente indicar a prática discriminatória da Justiça brasileira.  Ainda, teceu considerações sobre o Orçamento Participativo. Em GRANDE EXPEDIENTE, a Vereadora Anamaria Negroni saudou a Vereadora Maristela Maffei, agradeceu a cedência de tempo  do Vereador Isaac Ainhorn e externou seu pesar pelo falecimento do Senador Darcy Ribeiro. Manifestou sua estranheza ante a possibilidade de aliança, para as próximas eleições, entre o Partido Democrático Trabalhista e o Partido dos Trabalhadores. Fez referência, ainda, à  nota publicada pelo jornal Correio do Povo, acerca do apoio de Lideranças do Partido dos Trabalhadores  ao Prefeito de Gravataí, na questão da disputa pela instalação da fábrica da General Motors. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Vereador Reginaldo Pujol  reportou-se à situação das famílias instaladas de forma irregular no Morro da Glória, as quais, por força de sentença judicial, deverão ser relocalizadas e cobrou providências do Departamento Municipal de Habitação  nesse sentido. Às dezessete  horas e quarenta e sete minutos, constatada a inexistência de "quorum", o Senhor Presidente declarou encerrados os trabalhos, convocando os Senhores Vereadores para a Sessão Ordinária da próxima quarta-feira, à hora regimental. Os trabalhos foram presididos pelos Vereadores Clovis Ilgenfritz, Reginaldo Pujol e Paulo Brum, e secretariados pelos Vereadores Paulo Brum e Guilherme Barbosa. Do que eu, Paulo Brum,  lº Secretário, determinei fosse lavrada a presente Ata que, após distribuída em avulsos e aprovada, será assinada pelo Senhor Presidente e por mim.

 

 

 


O SR. PRESIDENTE (Clovis Ilgenfritz): Antes de passarmos à Tribuna Popular, queríamos salientar que vamos discutir, em reunião de Mesa, o convite do Prefeito Raul Pont que, como fez o ex-Prefeito Tarso  Genro, convidou esta Casa e esta Presidência para participar do "Porto Alegre em Buenos Aires", uma atividade agendada em comum acordo entre as Prefeituras dessas duas Capitais. Queria também comentar que a licença do Prefeito - que já se ausentou e já retornou - chegou aqui nesta Casa no dia 21, antes de ele viajar.

Passamos à

 

TRIBUNA POPULAR

 

Queríamos convidar para assumir  a posição na tribuna, conforme artigo 100 da Lei Orgânica Municipal, com dez minutos de prazo, a Entidade que hoje está entre nós, Sindicato dos Bancários  de Porto Alegre, na pessoa do Sr. José Luís Balalaica dos Santos, que é o  Coordenador da Diretoria de  Assuntos Jurídicos; ele está trazendo aqui o assunto que é o fechamento das agências do Banco Meridional do Brasil S/A.

O Senhor tem l0 minutos. Seja bem-vindo ao recinto desta Câmara Municipal para trazer a sua mensagem.

 

O SR. JOSÉ DOS SANTOS:  Obrigado, Sr. Presidente. Em nome do Sindicato dos Bancários de Porto Alegre, da  Comissão Nacional de Defesa dos Funcionários do Meridional, nós vimos trazer uma discussão que não é nova na Câmara Municipal, que já vem há muito tempo, e esta Casa vem acompanhando, que é a discussão do Banco Meridional do Brasil, com sede em Porto Alegre, que é um Banco federal, cuja história V. Exas. já conhecem. O que nós temos vivido nestes últimos anos, em especial nos últimos três anos, é uma tentativa de retirada do Meridional, na realidade, do mercado. Nós vivemos, em particular no ano de 1996, uma situação drástica. Muitos dos Vereadores aqui presentes nos acompanharam, inclusive o Ver. Pedro Américo Leal, ao Rio de Janeiro, numa tentativa de reverter aquela situação. Outros Vereadores também colaboraram com uma Comissão criada aqui, na Câmara Municipal, em defesa do Meridional, o que foi votado por unanimidade. Então, os funcionários do Banco, o movimento sindical, a sociedade, os partidos, os prefeitos se empenharam e lutaram para manter o Banco Meridional enquanto banco público, enquanto banco federal, nas suas atividades em Porto Alegre. O que ocorre? Ocorre uma artimanha muito bem montada, no nosso entendimento, pelo Governo, na medida em que suspendeu o leilão de privatização do Banco, nos moldes tradicionais no PND, na medida em que não se encontravam compradores naquele momento para o Banco e se tornaram públicos problemas na sua carteira comercial. Nesse sentido se reverteu o processo de privatização. Esse foi um dos motivos principais, além da mobilização da sociedade, como já colocamos. O que acontece hoje nada mais é do que o fechamento das agências, a demissão dos funcionários, não é uma simples reestruturação o que passa o sistema financeiro nacional, mas é um ataque brutal e faz parte, no nosso entendimento, de um plano arquitetado e muito bem montado para tirar o Banco Meridional do mercado. Vejamos o seguinte: as agências do Norte e Nordeste foram fechadas. Os Srs. Vereadores já se deram conta de que quem irá operar as contas do Banco Meridional vai ser o Excel Econômico? E todo mundo conhece a história do Excel Econômico! E assim vamos mais adiante. Esse  Presidente que assume o Banco Meridional, depois da morte do ex-Presidente Leônidas Ribas, veio e discutiu com os funcionários dizendo que era um Presidente não-político, era um técnico e, sendo um técnico, iria aplicar um plano: esse plano que está sendo aplicado, hoje, no Meridional, é o Plano Meridional Mais, elaborado pelo segundo escalão deste próprio Banco e que, segundo informações recebidas por nós mesmos, Diretores do Sindicato, seria um plano apresentado aos futuros compradores do Banco. Neste sentido, eles iriam aplicá-lo, porque os próprios formuladores deste plano, que é o Meridional Mais, eles não se sentiam habilitados para colocá-lo em prática, ou seja, ele seria uma prestação de serviços aos novos donos, para eles mesmos se manterem enquanto segundo escalão da entidade, ou seja, do Banco. O que ocorre? Ocorre que muda a perspectiva de privatização, muda  a relação que existia. O segundo escalão do Banco, que é o mesmo desde o tempo do Sulbrasileiro, ou seja, as pessoas que serviam carcred, assumem, não só por fazerem parte da Associação  de Funcionários, que é muito ligada à direção do Banco, o segundo escalão do Meridional, e começam a aplicar um plano o qual não se sentiam habilitados a tocar. Ou seja, Carlos Miguel, o novo Presidente do Banco, sente-se muito bem alinhado com esses novos administradores e começam a praticar esse plano.  Só para os Vereadores terem uma idéia, o Meridional aplicou um Plano de Demissão Voluntária, ou seja, não é demissão voluntária, é o Plano de  Reestruturação Organizacional de Demissões, no final do ano de 1996, e demitiu uma série de servidores, em torno de mil e setecentos em todo o País. Concomitante a isso, mudou a logomarca do Banco; vocês devem ter acompanhado: mudou o talão de cheque, uma campanha de mídia muito forte. Apresentaram-se novos serviços. O que ocorreu? Ocorreu que a clientela nova e a antiga chegavam à agência e não tinha quem os atendesse, nem no sentido de anunciar os novos produtos, nem no sentido de atender às demandas que estavam sendo colocadas nas agências. O que está ocorrendo? A conclusão do Movimento Sindical, a conclusão a que podemos chegar é a de que isso faz parte de uma tentativa pura e simples de tirar o  Meridional do mercado. Ou seja, o primeiro balanço de sessenta e três milhões negativos ocorreu no primeiro semestre de 96 e finda agora, em dezembro de 96, com a publicação final de fevereiro onde, praticamente, todas as indicações possíveis são de novo déficit. Esse déficit vai fazer parte, possível, de um segundo ponto negativo no primeiro semestre de 97, pelos números que já se aproximam do Banco. Se ocorrer um terceiro, a tendência é que o governo federal fique com a parte podre e venda a parte boa, da maneira como já conhecemos, que tem ocorrido no sistema financeiro. O que estamos fazendo em conjunto com os Senhores, os Deputados Estaduais, com os trabalhadores do Meridional, é uma tentativa de retomada da discussão do projeto desse Banco e uma tentativa, que já teve uma ressonância no conjunto da sociedade, de não permitir o fechamento do conjunto das agências do Banco Meridional. Muitos de V.Exas. têm um documento do Sindicato dos Bancários de Porto Alegre, feito em conjunto com o DIEESE nacional, onde se faz um estudo da divisão do conjunto de agências em nível nacional, não só do Meridional, mas dos diversos bancos públicos federais e dos bancos particulares. Constata-se ali que em grande parte das cidades do País, onde não tem um elemento econômico importante, uma indústria ou empresa que leve os bancos privados a se instalarem ali, só há bancos estatais. Ocorre hoje no Rio Grande do Sul que os Prefeitos fizeram uma romaria a esse banco, no sentido de conversar com o seu presidente para fazê-lo voltar atrás, para que não fechasse as agências, e essas tentativas foram em vão, porque foi mantido o fechamento das agências. Em Porto Alegre tivemos a experiência particular de uma agência, da Glória, com a tentativa de se fechar, também, a da Av. Eduardo. Na realidade poderíamos achar que a reestruturação do Banco Meridional poderia ser única e exclusivamente parte da reestruturação do sistema financeiro, mas esse Projeto "Meridional Mais" é um projeto ultrapassado, ou seja, os próprios bancos privados, hoje, não trabalham mais com reengenharia, qualidade total e, muito menos, com terceirização. Estão voltando atrás nisso, na medida em que a própria qualidade dos serviços e a segurança dos serviços bancários não atingem um elemento de garantia para esses próprios bancos. O Meridional começa a aplicar uma coisa que os outros bancos privados já deixaram de fazer, e o sacrifício disso tudo é o desemprego dos bancários nas cidades onde estão sendo fechadas as agências, em nome, pura e simplesmente, da liquidação desse Banco. O que vimos fazer  aqui, hoje, é um alerta de que é fundamental a participação dos Srs. Vereadores nesta luta, a possibilidade concreta de instalação de uma comissão, que comece, de novo, junto com os trabalhadores, no sentido de podermos atuar  na defesa do Banco Meridional e, se possível, fazer uma grande mobilização em torno dos parlamentares - não só dos Srs. Vereadores, mas dos Deputados e Senadores - num grande seminário que discuta não só a questão do Meridional, mas também a da Caixa Econômica Estadual e Banrisul, no sentido de dar sustentação ao sistema financeiro estadual e para que o Banco Meridional do Brasil não seja sacrificado em nome de um fato que a gente não consegue ver claramente, que é o Sistema Financeiro Nacional, que podemos chamar de pantanoso. Ou seja, acompanhando hoje a CPI dos precatórios, avaliamos o quanto é fundo esse buraco do Sistema Financeiro Nacional e qual é a intenção que há em relação ao Banco Meridional. Existe no Banco Meridional, hoje, uma questão que coloquei a um dos Vereadores daqui. Lá em Alagoas, aconteceu um caso em que o Governador daquele Estado lançou um PDV. As pessoas saíram do Governo e depois os mesmos funcionários foram contratados como assessores, ou seja, CCs do Governo do Estado. No Meridional, ocorreu o mesmo caso, ou seja, as pessoas saíram no PDV e hoje estão retornando ao Banco como assessores da própria Diretoria. Mas isso não se discute. Os fatos ocorrem em nível técnico, não se sabe nada. Com relação aos aposentados, aconteceu o mesmo fato, em que ex-aposentados foram demitidos sumariamente, sem direito a nada, sem nenhum direito trabalhista, o que é freqüente hoje no Ministério do Trabalho, e outros aposentados ficaram trabalhando, sendo criados cargos de assessor para eles. É nesse nível que se encontra a situação, não só do funcionalismo, não só do fechamento das agências, mas é o nível em que se encontra o Banco Meridional do Brasil. Não queremos fazer nenhuma apologia da quebra do Banco, mas queremos chamar a atenção de que a responsabilidade não é do conjunto do quadro funcional, mas da Direção, do Governo Estadual e Federal. Muito obrigado. (Palmas.)

 

(Não revisto pelo orador.)

 

 O SR. PRESIDENTE: Convidamos o ilustre Sindicalista José Luís Balalaica dos Santos a permanecer na Mesa conosco. Temos, sobre a  mesa, um Requerimento do Ver. Guilherme Barbosa que solicita  a estruturação de uma Comissão Externa, que foi aprovada. Já estão indicados o Ver. Cláudio Sebenelo pelo PSDB, a Verª. Clênia Maranhão pelo PMDB, o  Ver. Isaac Ainhorn pelo PDT, o Ver. Pedro Américo Leal pelo PPB,  o Ver. Lauro Hagemann pelo PPS,  o Ver. Carlos Garcia pelo PSB,  o Ver. Eliseu Sabino pelo PTB  e o Ver. Reginaldo Pujol pelo PFL. Estamos aguardando, e acredito que será em breve, a indicação dos três Vereadores do Partido dos Trabalhadores. Queria informar ao sindicalista que nos visita que essa é uma atitude objetiva, concreta da Casa, assim como uma Moção que foi aprovada na última Sessão Ordinária em favor da causa dos funcionários e de todos nós, em nome da não-privatização do Banco Meridional, e que foi enviada a todas as autoridades estaduais e federais, em especial às Câmaras de Vereadores de todo o Estado.

 

O SR. GERSON  ALMEIDA (Esclarecimento): Quero esclarecer que a Bancada do Partido dos Trabalhadores, amanhã, vai indicar os três nomes a que tem direito e manifestar a solidariedade total à questão levantada na Tribuna Popular, através de uma Moção de Apoio que o Presidente já referiu, por iniciativa do Ver. Adeli Sell, aprovada por unanimidade, e agora com a criação de uma Comissão Especial da Câmara de Vereadores exatamente para tocar essa questão.

 

 O SR. PRESIDENTE: Eu gostaria de perguntar aos ilustres líderes da Bancada, uma vez que já ouvimos o Líder do PT, se esse nosso pronunciamento os satisfaz, uma vez que já houve uma série de pronunciamentos. Nós, mais uma vez, transmitimos para o sindicalista, que hoje nos honra com a sua presença na Tribuna Popular, como também à imprensa da nossa Capital, que está havendo esse movimento na Câmara, que teve uma votação quase unânime - apenas um voto contrário à Moção - que foi aprovada na última Sessão. Então, que leve de nós, da Câmara, em nome da Mesa, desta Presidência e de todos os Vereadores uma certeza de que está havendo entrosamento nessa luta. E essa Comissão Externa, seguramente, poderá, com os ilustres Vereadores indicados, acompanhar de perto e ajudar - diria assim - nessa luta pela não-privatização do Banco Meridional, pelo não-fechamento de agências e pelo não-desemprego que está acontecendo ou que está prestes a acontecer. Aproveitamos para agradecer as presenças do representante do Sindicato dos Bancários de Porto Alegre, José Luís Balalaica dos Santos - Coordenador da Diretoria de Assuntos Jurídicos - e de outros sindicalistas presentes.

Passamos ao período de

<D><D><MOLD=2 pt><MF=27 mm><PF=15 mm><LF=164 mm><AF=257 mm><D><E>

PAUTA - DISCUSSÃO PRELIMINAR

 

1ª SESSÃO

 

PROC. 0407/97 - PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO Nº

003/97, que declara de utilidade pública a Base Emanente do EVRED Rio Grande do Sul.

 

PROC. 0408/97 - PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO Nº

004/97, que declara de utilidade pública o Lar Santa Flora.

 

PROC. 1504/96 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº

073/96, de autoria do Ver. Décio Schauren, que autoriza a divulgação de fotos de pessoas desaparecidas no Diário Oficial de Porto Alegre.

 

PROC. 2210/96 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº

140/96, de autoria do Ver. Décio Schauren, que determina a proteção adequada ou emprego de vidros de segurança em locais onde houver transeuntes, tais como portarias, "halls" de edifícios, vitrines, portas ou divisórias.

 

PROC. 2233/96 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº

142/96, de autoria do Ver. Paulo Brum, que autoriza colocar cadeira de rodas em escolas e prédios públicos.

 

PROC. 2472/96 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº

152/96, de autoria do Ver. Décio Schauren, que institui, no Município de Porto Alegre, o Serviço de Prótese Dentária como programa de atendimento à população carente.

                                    

PROC. 2481/96 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº

153/96, de autoria do Ver. Paulo Brum, que institui, no Município de Porto Alegre, os JOMEEX - Jogos Metropolitanos de Estudantes Excepcionais e dá outras providências.

 

PROC. 2785/96 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº

162/96, de autoria do Ver. Paulo Brum, que denomina Rua Izidoro Lima um logradouro irregular localizado na Lomba do Pinheiro.

 

 

PROC. 2953/96 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº

172/96, de autoria do Ver. Paulo Brum, que altera o art. 2º da Lei nº 7.509, de 04 de outubro de 1994, que dispõe sobre a confecção de carimbos ou congêneres nas casas do ramo, no âmbito do Município de Porto Alegre.

 

PROC. 0595/97 - PROJETO DE  RESOLUÇÃO    004/97,

de autoria da Mesa Diretora, que cria cargo de Assessor Técnico Especial no Quadro de Cargos em Comissão e Funções Gratificadas da Câmara Municipal de Porto Alegre e dá outras providências.

 

PROC. 0596/97 - PROJETO DE  RESOLUÇÃO     005/97,

de autoria da Mesa Diretora, que cria cargo de Oficial de Transportes II no Quadro dos Cargos Efetivos da Câmara Municipal de Porto Alegre e dá outras providências.

 

      2ª SESSÃO

 

PROC. 0584/97 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 016/97, de autoria do Ver. João Dib, que denomina Praça São Marun um logradouro público localizado no Loteamento Joframa, no Jardim Itu-Sabará. Com Emenda nº 01.  Urgência.

 

 

O SR. PRESIDENTE:  O Ver. João Dib está com a palavra para discutir a Pauta.

 

O SR. JOÃO DIB: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, o Ver. Pedro Américo Leal diz que um dos meus defeitos é a tenacidade. Não sei como a Mesa vai me chamar, mas que sou chato, sou mesmo. Está aqui o pedido de criação de um cargo de Assessor Técnico Especial no quadro de Cargos em Comissão e Funções Gratificadas na Câmara Municipal. Cria um Assessor Técnico Especial, um cargo só. Sr. Presidente, peço desculpas se lhe chamo atenção, porque é importante, mas a Mesa não poderia  propor nenhum cargo a ser criado, em comissão, sem antes fornecer ao Ver. João Dib a relação total. Até estranho que se peça essa criação de um cargo especial dizendo que "a criação do cargo que se propõe é decorrente da necessidade que surge em virtude de nova configuração dos partidos políticos com assento nesta Câmara Municipal, resultante da última eleição, tendo em vista a proporção por Bancada dos cargos de Assessor Técnico Especial, estabelecida pelo art. 3º da Resolução n.º 1321 de 8 de agosto de 1996". Ora, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, a minha chatice vai ao ponto de saber que na Legislatura passada nós tínhamos 10 partidos representados no Plenário e agora nós temos nove. Então, acho que está sobrando um cargo. Não é necessário que se crie um novo cargo. E eu, para que não se tenha dúvidas, anotei os partidos que nós tínhamos no passado: PT, PDT, PMDB, PTB, PFL, PP - que não está mais; era só o Ver. Luiz Negrinho - PSDB, PPB, PPS - do Ver. Lauro Hagemann que aí está - e PC  do B, que também não está mais no nosso meio. Acresce, retirando os dois, ficariam 8, é que agora nós temos a Liderança do Ver. Carlos Garcia pelo PSB. Então, está sobrando um cargo. Eu acho que, ao invés de se criar um cargo, dever-se-ia extinguir o cargo.

 

O Sr. Luiz Braz: V. Exa. permite um aparte? (Assentimento do orador.) Apenas em contribuição ao pronunciamento de V.Exa.: acontece que nós tivemos,na composição da Câmara nesta Legislatura, outros partidos que vieram com mais de um Vereador. Nós tínhamos, realmente, dez partidos na Legislatura passada, só que vários desses partidos tinham um Vereador só. E, na Resolução que nós aprovamos aqui, neste Plenário, a distribuição desses técnicos era feita de maneira diferenciada para partidos com um Vereador e partidos que tivessem representação de mais de um Vereador. É por isso que nós temos um técnico a mais nesta Legislatura do que na Legislatura passada. Está absolutamente correta a vontade da Mesa, pelo menos neste tocante.

 

O SR. JOÃO DIB:  Nobre Ver. Luiz Braz, sou grato ao aparte de V.Exa. e espero que a minha Bancada não seja mais uma vez lesada, porque, se antes existiam três partidos com um só Vereador, agora tem dois. Mas a minha Bancada também aumentou e outras diminuíram, e se uma aumentou, outra diminuiu e outra se mantém, acho que a matemática diz que está sobrando um ainda, mas eu não vou teimar. Agora, sou terrivelmente persistente, sou tenaz, quero a relação completa, que já pedi há quase um mês. Na era do computador, não entendo como ainda não tenha sido entregue. De repente, penso que não estou sendo considerado, que alguém imagine que eu seja um tolo; sou chato, mas tolo não. Eu quero a relação completa de todos os cargos, porque uma das metas era terminar o passado e acertar no presente.

 

O Sr. Pedro Américo Leal: V. Exa. me permite um aparte? (Assentimento do orador.) Fico surpreendido, porque um dos escopos desta Casa era, quando se constituísse a nova Mesa dos trabalhos, fazer uma distribuição equânime de funções e de cargos, mas parece que ficou por isso mesmo. Não vejo nada, pelo menos é um silêncio absoluto. Não se fala mais sobre o caso. Onde estão? Onde está essa relação? Eu exijo  que ela apareça.

 

O SR. JOÃO DIB:  Sou grato, Ver. Pedro Américo Leal, pelo seu aparte. Encerro, dizendo que espero não ser obrigado a usar a Lei Orgânica e entrar no setor competente, exigindo que me seja dado na hora o que eu peço. Na era do computador, eu não entendo o resto. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: A Mesa comunica aos Srs. Vereadores que o esclarecimento à questão do Ver. João Dib, por precaução, já podemos fazer, imediatamente, porque estávamos inscritos em Pauta como Vereador.

O Ver. Reginaldo Pujol está com a palavra para discutir a Pauta.

 

O SR. REGINALDO PUJOL: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, antes de analisar o Projeto, já que hoje, pela primeira vez nesta Legislatura, se incorporam à Pauta mais de 10 Projetos de Lei cuja tramitação se iniciou, aumentando, por conseguinte, substancialmente, a nossa Pauta, reduzida a um único Projeto até a nossa última Sessão, quero dizer, especialmente ao Ver. João Antônio Dib, que, diante da manifestação da Presidência de que, inscrito em Pauta, irá aproveitar a oportunidade para oferecer esclarecimentos ao seu pronunciamento, deixo de sobre ele me manifestar. Apesar de que tenha presidido os trabalhos ocasionalmente, manifestei a intenção ao Ver. João Dib de contribuir de forma objetiva para que essas dúvidas não pairassem e fossem plenamente esclarecidas. Da mesma forma que ele, eu não tenho nenhum compromisso com qualquer equívoco que, eventualmente, tenha sido celebrado no passado e que tenha necessidade de ser revisto no momento. Sou pela revisão, se é que equívocos ocorreram no passado. Vou olhar com especial interesse, Sr. Presidente, Projetos de Lei que foram objeto de apresentação a esta Casa, de autoria do Ver. Décio Schauren e do Ver. Paulo Brum.  O primeiro deles, do Ver. Décio Schauren, determina a proteção adequada ao emprego de vidros de segurança em locais onde houver transeuntes, tais como portarias, "halls" de edifícios, vitrines, portas ou divisórias. Eu tentei ver nos avulsos se existia o Projeto com a sua Exposição de Motivos, seus objetivos, e não localizei, o que criou uma dificuldade intransponível para ser discutido este Projeto. Eu apenas, Ver. Décio Schauren, fiquei tomando conhecimento da ementa do Projeto, ou seja, de seus objetivos básicos, resumidos na ementa principal. Da mesma forma, com relação ao serviço de prótese dentária como programa de atendimento à população carente, não existe aqui distribuído entre os avulsos esse programa. Fico na orelha do Projeto porque o Ver. Juarez Pinheiro, momentaneamente ausente, levantou na CCJ uma tese que já foi objeto de exames anteriores aqui nesta Casa  e que diz respeito ao enquadramento com que este Legislativo vai oferecer as matérias autorizativas e que ensejem discussão em torno da sua legalidade,  da sua constitucionalidade. Normalmente, a instituição de programas por parte do Legislativo vem sendo sistematicamente acoimada pelos  legalistas da Casa e pelo Executivo do Município como sendo uma invasão de competência. Nós, ao longo da Legislatura passada, cansados diante da discrepância de tratamento entre situações diversificadas - coisa que ensejou que o Presidente atual da CCJ  fizesse uma afirmação desta tribuna de que estávamos num regime em que existiam os amigos do rei e aqueles que não eram bafejados pelo calor da corte municipal - e diante da insistência com que essas situações surgiam na Casa, como já começam a surgir, novamente, vimos sustentando uma posição, em conjunto com o Ver. Luiz Braz, segundo a qual o problema da iniciativa não cabia a nós policiar e reduzir a capacidade do Vereador de propor iniciativa, e sim a  quem dela devesse zelar, ou seja, o detentor da iniciativa privada, no caso, o Executivo. Agora, Sr. Presidente, surge esse Projeto, e eu quero declarar ao Ver. Décio Schauren que estou correndo todo o risco de cometer algum equívoco, na medida em que não tenho o Projeto na mão. Estou apenas me referindo à sua ementa e deduzindo, por conclusão, algumas coisas. Todos esses projetos que hoje estão na Pauta, por não termos junto a eles a Exposição de Motivos, ficam com sua discussão comprometida. Não sei se não terão que ser renovados na Pauta na primeira oportunidade, porque hoje a discussão se inviabiliza e não se realiza. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR.  PRESIDENTE: Ver. Reginaldo Pujol, V.Exa. vai ter em mãos o processo administrativo que instrui o Projeto. Esta Mesa já está pedindo providências no sentido de prover o Ver. Reginaldo Pujol do processo administrativo a que ele se referiu na tribuna. Solicito ao Ver. Reginaldo Pujol que assuma a Presidência dos trabalhos.

 

O SR. REGINALDO PUJOL (Questão de Ordem): Sr. Presidente, há uma determinação regimental no sentido de que a matéria, 48 horas antes de iniciar a sua tramitação, deve ser distribuída a todos os parlamentares.

 

O SR. PRESIDENTE: Ver. Reginaldo Pujol, a Mesa informa que foi tomada a decisão de que todas as informações seriam fornecidas através da colocação do material nos escaninhos da cada Vereador e com o tempo regimental respeitado.

(Troca-se a Presidência.)

 

O SR. PRESIDENTE (Reginaldo Pujol): O Ver. Clovis Ilgenfritz está com a palavra para discutir a Pauta.

 

O SR. CLOVIS ILGENFRITZ: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, tomei a precaução de inscrever-me na Pauta, porque a criação de cargos, já no início da Legislatura, pode vir a ser explorada de forma inadvertida por setores que queiram criar uma situação embaraçosa para a atual Mesa Diretora e para a própria Casa. Isso não pode acontecer. Temos um processo que cria um cargo de Oficial de Transporte II, conforme Resolução aprovada na Mesa. Esse cargo está sendo criado em função de que houve um processo de aposentadoria de um servidor desta Casa. Esse processo de aposentadoria teve, por parte do Tribunal de Contas, uma comunicação, recebida por esta Casa, onde está sendo alegado que num dos quesitos na contagem de prazos tinha um engano. Então, a Câmara só teve a saída de recriar,  conforme instruções do próprio Tribunal, esse cargo, supri-lo com o próprio funcionário e cumprir o prazo que o Tribunal de Contas entendeu que não era válido. Esta é a argumentação. O Projeto de Resolução, o  material recebido do Tribunal e todos os encaminhamentos no processo administrativo estão à disposição dos Srs. Vereadores. Tenho a impressão de  que tenha esclarecido. Com relação ao que falou o Ver. João Dib, tínhamos também o receio dessa interpretação. Eu mesmo demorei para entender, mas fiz a relação, Ver. João Dib: conforme a Resolução aprovada por esta Casa no ano que passou, os partidos que tivessem um ou dois Vereadores teriam direito especial na Comissão do Plano Diretor, mais um indicado pelo Presidente; os partidos que tivessem três ou mais Vereadores teriam direito a três técnicos e a correlação das Bancadas levou-nos a esse número. O PMDB tinha três cargos, ficou apenas com um; o PT continuou com três; o PDT com três; o PTB com três; o PSB não tinha nenhum, passou a existir como Bancada, agora tem direito a um; o PC do B tinha um, passou a não existir, por não ser eleito um Vereador, passou a zero; o PFL  tinha um e continua com um; o PSDB tinha um, agora tem três assessores; o PPS  tinha um e continua com um; o PST tinha um, não elegeu Vereador, continua com um. A soma anterior era 19 e a soma atual é de 20 assessores, o que significa que faltava fazer a Resolução para mais um. Esse é o processo que eu gostaria que ficasse muito claro entre nós, até porque não tem por que criar uma polêmica na imprensa por uma coisa que é absolutamente resguardada pela legislação vigente. Só fiz questão de esclarecer porque é a minha função. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. Décio Schauren está com a palavra para discutir a Pauta.

 

O SR. DÉCIO SCHAUREN: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, eu me inscrevi para comentar um projeto autorizativo que cria o serviço de prótese dentária no Município e tenho certeza de que muitos vão dizer que este, por ser um Projeto que implica despesas, deve ser de iniciativa do Executivo. Nós protocolamos esse Projeto. Recebemos muitas sugestões. Conversamos com protéticos sobre isso. Participamos de discussões nas CLIS. Eu tenho certeza de que esse Projeto vai propiciar aqui um debate importante para o Município criar o serviço de prótese dentária. O que acontece hoje? A saúde bucal do Município é apenas um serviço parcial. Raras vezes se fazem obturações ou tratamento de canal e muitas vezes só se extraem dentes. Então, na verdade, essa simples extração de dentes acaba sendo um serviço de mutilação da pessoa. E fica nisso. Esse serviço de extração de dentes, que, como eu já disse, mutila as pessoas, provoca uma série de problemas, tanto de ordem orgânica como de ordem estética e psicológica. De ordem orgânica nós podemos citar, por exemplo: provocação de doenças gastrointestinais, a própria dissociação articular, provocando dificuldade na fala da pessoa; na parte estética, sem dúvida, quando aquela pessoa que tem falta de dentes vai procurar emprego, isso vai ser levado em conta na maioria dos casos. Uma pessoa que não tiver dentes na boca vai ter dificuldades de achar emprego na maioria das postulações a que ele se candidatar. Além disso têm problemas  psicológicos e, sem dúvida, os problemas desse tipo são da própria retração do indivíduo, face, muitas vezes, às chacotas que terminam por marginalizar essa pessoa. Então, nós entendemos que, apesar das resistências, porque implica criar despesas, este é um Projeto extremamente importante para ser criado no Município, e estamos propondo, na verdade, que o Município comece com uma espécie de posto piloto de prótese e que discutamos lentamente a questão dos custos que, na verdade, vão ser muito baixos em relação aos benefícios que esse serviço vai produzir. Quanto à infra-estrutura, pode-se aproveitar a própria estrutura existente no Município, como prédios, funcionários. Em nível de pessoal, de funcionários, evidentemente, o Município terá que contratar um protético. Agora, em boa parte, esta área poderá ser suprida, através de convênios com universidades - por exemplo, com faculdade de Odontologia -, poderá ser suprida por estudantes de cursos de especialização em prótese dentária. A terceira questão é o material a ser usado e, surpreendentemente, os custos são muito mais baixos do que alguém pode imaginar. Tivemos longas discussões com protéticos e constatamos que o custo é em torno de R$ 20,00 em relação aos materiais e, na verdade, quem eleva esses custos são os dentistas. Nas próximas pautas discutiremos este Projeto. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. Nereu D'Ávila está com a palavra para uma Comunicação de Liderança.

 

O SR. NEREU D'ÁVILA: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, quero lamentar algumas declarações de próceres do PT, que foram estampadas no "Correio do Povo" de hoje sobre uma questão do Dep. Pompeu de Mattos, Líder do PDT na Assembléia, de que para uma aliança com o PT para o ano de 1998 se fizesse uma pesquisa que apontasse o melhor candidato para o Palácio Piratini. Foi uma sugestão democrática e, de certo modo, não traria nenhum problema. Fiquei surpreso, quando, segundo o "Correio do Povo" de hoje, alguns petistas recusaram esta proposta bastante democrática, entre os quais estão o Dep. Federal Miguel Rosseto, a Depª. Estadual Luciana Genro e a Vereadora de Porto Alegre Maria do Rosário. A Verª. Maria do Rosário, segundo o jornal “Correio do Povo”, afirmou que é impossível o PT deixar de indicar o cabeça da chapa. Ela admite a coligação se o seu partido liderá-la e concorda com Rosseto, achando que só as pesquisas não definirão os concorrentes. A Deputada Luciana Genro é radicalmente contra a aliança com o PDT e chega a dizer que o PDT é um partido decadente. Diz ela que o PT é o único partido para combater o populismo de Alceu Collares e o neoliberalismo do Governo Estadual e Federal. Já os Deputados Paulo Paim - José Fortunati, este atualmente Vice-Prefeito de Porto Alegre - são simpáticos à idéia da pesquisa, e o Sr. Fortunati sugere que o Presidente Regional do PT, Olívio Dutra, e o ex-Prefeito Tarso Genro e o ex-Governador Leonel Brizola viajem pelo interior do Rio Grande antes de ser realizada a pesquisa. Fortunati entende que, caso a opinião pública aponte Brizola como a melhor opção para uma aliança com o PT, o partido deve apoiar a decisão. Ele não considera necessário que o candidato ao Governo Estadual seja petista. Isso é ser democrata, porque a democracia tem que ser ampla, ela não pode ser restrita. Quer dizer: a Verª. Maria do Rosário acha que a aliança é boa desde que o PT tenha a cabeça de chapa, ou seja, é aquela velha história: a minha sobrinha pode casar com quem quiser desde que não seja com o vizinho na esquina. A Depª. Luciana Genro vai mais longe: ataca o PDT, dizendo que é um partido decadente. Fico perplexo, mas não tão surpreso, porque a "Zero Hora" do dia anterior, 23 de fevereiro, faz uma matéria sobre os radicais e diz, em manchete, sobre a Depª. Luciana Genro: "Deputada se afirma como caricatura da intransigência. Luciana Genro acha que Lula peca por excesso de moderação". Então, creio que esta Deputada não deve ser levada a sério. Aliás, acho que ela está em partido errado. Deveria estar no PSTU, em qualquer outro partido que não se propõe a ser democrata. O PT é salvo dessas declarações pelo Sr. José Fortunati, que vem se destacando pelo alto espírito de diálogo, por afirmar a democracia no relacionamento com os demais partidos. A questão do cercamento da Redenção: logo de saída, no primeiro dia, da posse, lá no Araújo Viana, o Sr. Fortunati já dava o conteúdo da sua futura atuação. Para concluir, lamento as declarações daqueles que pregam uma meia democracia, que, como meia gravidez, não existe, e exalto e me solidarizo com figuras como Fortunati e Paim, que compreendem que, se se quer uma aliança com um partido, tem que se admitir que esse partido seja colocado onde a pesquisa ou a força da opinião pública os coloque, ou seja, não há que se ter intransigência, senão, a aliança não há; há imposição. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: O Sr. Cláudio Sebenelo está com a palavra para discutir a Pauta.

 

O SR. CLÁUDIO SEBENELO: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, eu queria salientar três assuntos de Pauta, sendo que um deles, de autoria do Ver. Décio Schauren, "determina a proteção adequada ao emprego de vidros de segurança em locais onde houver transeuntes, como portarias, ‘halls’ de edifícios, vitrines, portas e divisórias". Rotule-se esse Projeto como importantíssimo. Vários acidentes já ocorreram na Cidade de Porto Alegre. Recordo-me de um na Cidade do Imbé, onde, por impossibilidade de ultrapassar a ponte, por congestionamento, um jovem de 19 anos morreu de hemorragia, pelo ferimento pérfuro-cortante que esse vidro provoca, pois funciona como uma lâmina extremamente afiada. Esse tipo de vidro expõe a população a um risco muito grande e o número de cacos é significativo e importante. Quero congratular-me com a felicidade desse Projeto. Sobre o segundo Projeto, que é o de prótese dentária, a  única reserva que deveremos ter ao votá-lo é saber que recursos ele exige e que condições nós temos, pois não podemos anunciar à população que temos um serviço de prótese dentária e não ser algo uniforme para todos, e não se sabe o vulto desse tipo de gasto. É altamente meritório. Acho que é uma das coisas mais importantes que se tem como saúde pública e da maior importância, do ponto de vista do metabolismo das pessoas, o fato de terem restaurada a sua capacidade de trituração de alimentos através da normalização dos seus dentes. Isso, do ponto de vista de mão-de-obra, talvez não seja caro e, do ponto de vista de disseminação e de divulgação, não seja caro, mas o que custa dinheiro é o material. Isso sim é uma coisa que, talvez, numa produção em massa, possa ser revisto. Por último, eu queria me referir ao Projeto do Ver. Paulo Brum que, com muita felicidade, institui em Porto Alegre os jogos metropolitanos de estudantes excepcionais, que era algo que estava faltando. Em outras capitais do País já se faz, e com muito sucesso, mostrando que as pessoas com alguma deficiência física e até - por que não? - alguma deficiência mental devem, indiscutivelmente, participar da sociedade de forma não igual, mas em condições de ter uma qualidade de vida melhor. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Encerra-se a Pauta. Havendo quórum, passamos à

 

ORDEM  DO DIA<C>

 

Requerimento da Verª. Maria do Rosário, que solicita que, após os trâmites regimentais, seja alterada a data da Sessão Solene para homenagear a Campanha da Fraternidade, constante do Processo número 29/97, propondo a nova data para 17 de abril, às 17 horas.

Em votação. O Ver. Carlos Garcia está com a palavra para encaminhar.

 

O SR. CARLOS GARCIA: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, a Campanha da Fraternidade dura 40 dias, momento em que Igreja Católica orienta os fiéis, e termina na Páscoa, que é no final de março. Penso que a data continua sendo oportuna, só que o momento forte, de grande impacto, talvez venhamos a perder. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: A Verª. Maria do Rosário está com a palavra para encaminhar.

 

A SRA. MARIA DO ROSÁRIO: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, fico satisfeita com a preocupação dos meus colegas e com a indicação do Ver. Carlos Garcia, mas não consegui agendar para o mês de março, por causa desta Casa mesmo. Tenho consciência de que seria o melhor, porque estaríamos fazendo esse evento dentro da programação da própria campanha e nos somando a ela. No entanto, o nosso  Regimento prevê que somente duas Sessões Solenes ou Especiais podem acontecer em cada mês. Quando eu registrei esta solicitação, outros colegas já haviam solicitado as datas de março. Foi o que me explicaram no Setor de Relações Públicas. Então, por causa do nosso Regimento, a não ser que pudéssemos abrir uma brecha nele, o que não encontrei, eu fiz a agenda para o mês de abril. No entanto, as autoridades principais, que representam a população católica, não poderão fazer-se presentes no dia 03, que seria o primeiro dia, e solicitaram-me outra data. Fiz a alteração de data para contarmos também com Dom Altamiro e Dom Antônio nesta Casa, e também para fazermos uma reflexão do que significa este tema tão importante para todos nós, que é o tema dos "Encarcerados" neste ano. No entanto, quero pedir aos meus pares que façam a aprovação, porque para nós se trata de, neste momento, debatermos o significado desta campanha, não como o momento desses 40 dias, tempo da Quaresma, mas da nossa perspectiva para o ano de 1997 e da obrigação que temos como cidadãos, como seres humanos, acima de tudo, relacionados a uma vida sem violência, relacionados a esse tema dos encarcerados, que deverá nos mobilizar não só neste tempo de Quaresma, mas por todo o ano. Portanto, peço a compreensão dos Senhores: somente por uma impossibilidade do nosso Regimento é que não fiz a agenda, que representaria a todos nós uma forma  melhor, para o mês de março; fi-la para o mês de abril, e espero que a aprovemos e que estejamos todos juntos nesses dias, manifestando qualquer dos credos. Porque a nossa sociedade é plural, porque queremos cada vez mais a liberdade do exercício religioso das diferentes crenças. Mas, como me faria presente no momento em que outro credo fosse trazido, que outra reflexão fosse trazida, eu me farei presente. Quero convidar a todos os meus pares para que também se façam presentes e que façamos esse debate no mais alto nível, buscando incorporar os princípios de uma vida digna, feliz, humana, para todos os cidadãos, aqui incluindo aqueles que se encontram marginalizados ao extremo, os que se encontram encarcerados por terem cometido algum crime. Então, faço este meu encaminhamento no sentido de dizer que eu gostaria de propor que fosse no mês de março, mas o Regimento não apresentou essa possibilidade. Se houver alguma possibilidade que eu desconheça, estou aberta para novas proposições. Como já existem duas Sessões para o mês de março, esta Sessão, obrigatoriamente, acontecerá no mês de abril. Lamento, mas é o que é possível pela minha leitura. Muito obrigada.

 

(Não revisto pela oradora.)

 

O SR. PRESIDENTE: Verª. Maria do Rosário, a única possibilidade existente é uma negociação com os Vereadores.

 

A SRA. MARIA DO ROSÁRIO (Questão de Ordem): Sr. Presidente, só solicitei a alteração da data porque a Sessão Solene já está aprovada.

 

O SR. PRESIDENTE: A Mesa vai consultar sobre a possibilidade da retirada.

 

O SR. JOÃO MOTTA (Questão de Ordem): Sr. Presidente, sob o ponto de vista regimental, seria evidente a interpretação que V. Exa. está dando. Entretanto, estamos diante de um fato concreto que está impedindo a possibilidade de este Plenário, neste momento, tomar uma decisão. Nesta situação se justifica a impossibilidade de este Plenário poder tomar alguma posição. Por quê? Porque, ao tomar alguma posição seguindo o conteúdo deste Requerimento, poderá prejudicar algum outro direito. Portanto, estando o Plenário impossibilitado de votar, porque corre o risco de prejudicar alguém, justifica-se aceitar a retirada do Requerimento.

 

O SR. PRESIDENTE : Ver. João Motta, esclareço a V.Exa. que não corre risco nenhum, porque é uma nova data que foi reservada pelo setor competente. Foi aberta a data anterior, que era para a Sessão Solene.

 

O SR. FERNANDO ZÁCHIA (Questão de Ordem): Sr. Presidente, em cima do que era feito nos anos anteriores, o Regimento fala em duas datas, mas não diz quantas Sessões podem ser feitas em cada data. No ano passado, fizemos três Sessões na mesma data. Se dissolver essa possibilidade, parece até que poderemos achar uma medida para resolver.

 

O SR. PRESIDENTE: V.Exa. está-se referindo às Sessões Solenes. É possível fazer duas na mesma data.

 

O SR. FERNANDO ZÁCHIA:  Ou Sessão Especial.

 

O SR. LUIZ BRAZ:  Eu acho que satisfaz o que coloca o Ver. Fernando Záchia.

 

A SRA. MARIA DO ROSÁRIO: A questão é a seguinte: eu havia  solicitado para o mês de março. Como já existiam duas Sessões Solenes no mês de março, fui informada de que eu não poderia agendar uma terceira nesse mês. Então, eu marquei nos primeiros dias de abril. No entanto, a partir de contatos com uma série de autoridades no campo da Igreja Católica que representam e promovem a Campanha da Fraternidade, me solicitaram que, para ser possível a presença dessas autoridades, entre elas o Dom Altamiro, fosse agendada uma outra data. É o que eu estou solicitando à Mesa, que seja durante o mês de abril, transferida de uma data para outra, uma vez que nós já aprovamos a realização. É uma mudança na data, Srs. Vereadores. E eu faço questão de manter, mesmo sabendo que estaremos fora da Quaresma, mas, pelo menos, teremos a intenção de fazer o melhor possível, sem ferir o Regimento.

 

O SR. PRESIDENTE (Clovis Ilgenfritz): Está em votação o Requerimento de autoria da Verª. Maria do Rosário para a data aprazada neste dia, 17 de abril, às 17 horas. É uma Sessão Solene para homenagear a Campanha da Fraternidade.

 

O SR. JOÃO DIB (Questão de Ordem): Nós vamos votar uma nova data. Se esta nova data for rejeitada, fica mantida a anterior?

 

O SR. PRESIDENTE:  Sim, o Requerimento anterior foi aprovado. Surgiu o problema de datas em função de uma solicitação dos homenageados. Nesse sentido, se buscou uma outra data e veio um Requerimento que, hoje, está apresentando uma outra data para o mesmo assunto. Então, nós estamos votando esta nova data. Em votação o Requerimento.

O Ver. Reginaldo Pujol está com a palavra para encaminhar.

 

O SR. REGINALDO PUJOL: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, em verdade, a matéria já foi encaminhada por todos, através de artifícios diversos, e eu fiquei calado pela circunstância de que, regimentalmente, tenho que me manifestar encaminhando a votação e não através de outros expedientes quaisquer. Ficou claro, nessas condições paralelas, que a requerente da Sessão Solene alusiva à Campanha da Fraternidade entende que ela deve realizar-se em outra data que não a data que originariamente foi solicitada. Essa nova data fica fora do período da Campanha da Fraternidade, que já estará concluída. Evidentemente que a ementa é que ensejou a decisão da Casa, e peço à Presidência que nos informe do teor desta ementa.

 

(O Sr. Presidente lê o Requerimento.)

 

Se esse registro da Campanha da Fraternidade vai ocorrer durante ou após a Campanha da Fraternidade, é um problema de quem requer, de quem propõe. A Casa, quando decidiu, entendeu que realizar durante a Campanha da Fraternidade se justificava plenamente. Agora, o que estamos decidindo - nós já decidimos fazer uma Sessão Solene alusiva à Campanha da Fraternidade e seus objetivos estão muito bem reduzidos no Requerimento da autora - é e se é válido que se faça esse registro após a conclusão da Campanha da Fraternidade, e esse é o limite, essa é a discussão, é a decisão: vamos decidir se, finda a Campanha da Fraternidade, ainda se justifica ou não se fazer uma Sessão Solene alusiva a uma campanha que já foi concluída. Era só, Sr. Presidente. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. Fernando Záchia está com a palavra para encaminhar.

 

O SR. FERNANDO ZÁCHIA: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, a minha preocupação não é a data, porque entendo que a Campanha da Fraternidade é anual e o objetivo é que perdure o ano todo. A preocupação é que não tenhamos, em casos futuros, situações semelhantes, porque a Verª. Maria do Rosário mobilizou todas as altas figuras da Igreja gaúcha para o dia 11 de março. A Vereadora informa, com toda a honestidade, que é sua característica, que no dia 11 essas figuras podem vir. A Casa errou ao informar da viabilidade dessa Sessão. Ora, a Verª. Maria do Rosário se articula com essas figuras exponentes da Igreja, elas agendam sua participação na Câmara. Teriam que ser informadas, agora, pela Vereadora que não vai ser realizada a Sessão no dia 11 porque esta Casa já tinha marcado duas Sessões Solenes e não tinha informado aos Vereadores. Nós votamos equivocadamente. Daqui a pouco estaremos fazendo com que os Vereadores façam papel de desinformados perante as entidades porque o setor de Relações Públicas ou a Diretoria informou equivocadamente. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Ver. Fernando Záchia, foi solicitado a data de 11 de março, mas não existia possibilidade em nosso calendário de eventos. Então, foi aprovada a data de 03 de abril; porém, com esta data que foi informada no processo, os homenageados não concordaram e solicitaram outra data. E a mais próxima é a do Requerimento apresentado hoje, que é 17 de abril. O que a Mesa vai colocar em votação é o Requerimento que solicita a data de 17 de abril para a homenagem pedida pela Verª. Maria do Rosário.

 

O SR. JOÃO CARLOS NEDEL (Questão de Ordem): Sr. Presidente, a  ilustre Vereadora, quando solicitou a data de 11 de março, evidentemente confirmou a data com as autoridades eclesiásticas. E, aí, a Câmara é que informou equivocadamente.

 

O SR. PRESIDENTE: Vereador, desculpe interrompê-lo, mas a Câmara não informou às autoridades. Apenas tentou marcar, a pedido da Verª. Maria do Rosário, uma data em que não existia disponibilidade  em nosso calendário sem que isso fosse do conhecimento dos homenageados. Marcamos para o dia 3 de abril e isso foi aprovado pela Casa. Agora, ao contatar com os homenageados fomos, informados da impossibilidade de estarem aqui neste dia e nos solicitaram outra data. Então, hoje, estamos tentando mudar essa data para o dia 17 de abril.

 

O SR. JOÃO CARLOS NEDEL: Então, Presidente, no dia 11 de março as autoridades podiam vir à Casa, mas nós não tínhamos possibilidade no calendário. É isso?

 

O SR. PRESIDENTE: Possivelmente, Vereador. Esta resposta não temos com certeza.

Em votação o Requerimento da Verª. Maria do Rosário. Os Srs. Vereadores que o aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADO.

Nós vamos registrar, Srs. Vereadores, um Requerimento de licença para tratar de assunto de interesse particular, encontrando-se na impossibilidade de assumir a titularidade nesta data, do Ver. Adeli Sell. (Obs.: Foi aprovado Requerimento de licença do Ver. Adeli Sell e empossada a Suplente, coonforme consta da Ata.)

 

O SR. GERSON  ALMEIDA (Requerimento): Sr. Presidente, segundo o Regimento, a Vereadora  teria, se não estou enganado, o direito de fazer um pronunciamento de cinco minutos à Casa.

 

O SR. PRESIDENTE:  Nós concedemos, de imediato, por solicitação do Líder da Bancada, Ver. Gerson Almeida, o tempo de 5 minutos à nova Vereadora que assume na Casa, de acordo com o art.12 parágrafo 7. Com a palavra a Verª. Maristela Maffei.

 

A SRA. MARISTELA MAFFEI: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, em primeiro lugar, gostaria de saudar a todos e dizer que, para mim e para aquelas pessoas que confiaram num trabalho desenvolvido ao longo do tempo junto àquelas propostas que construímos e que achamos que é o melhor para a nossa sociedade, é um momento de alegria e de emoção. Talvez muitos daqueles que ajudaram a construir essa proposta e chegaram neste momento onde estou gostariam de estar aqui. Mas, com certeza, estão espiritualmente e na luta. Esse espaço eu, pessoalmente, considero um dos mais importantes para a nossa sociedade. Acredito que a legitimidade desse espaço firma a democracia nos aspectos mais importantes, que é o de legislar, aprovar e fazer valer as coisas nas quais acreditamos. Todas as instâncias da sociedade também têm seu valor e a sua importância. Digo isso baseada em minha origem nos movimentos comunitários e populares desta Cidade, origens que fizeram valer um esforço e uma vida de dedicação ao trabalho, não apenas meu, mas de pessoas desprovidas, de pessoas excluídas das questões mais básicas do ser humano, como um salário digno, como melhores moradias, como educação e saúde. É nesse sentido que, quando fui indicada a concorrer ao cargo de Vereadora, discutimos para que mais um espaço tivesse a legitimidade dessas pessoas sem as quais, em nenhum momento, tomarei qualquer posição isolada, pois assim as represento. Não represento a mim própria, assim como acredito que V.Exas. também o fazem. Fora daqui, seremos grandes amigos e companheiros; mas, aqui dentro, com certeza, existem muitas diferenças. Por isso,  cada vez mais, faremos com que a democracia seja legítima. Defendo a autonomia do Orçamento participativo, a autonomia dos movimentos populares e comunitários, a autonomia dos partidos, e é desta forma que acredito que a construção da sociedade se dá de uma forma transparente, de uma forma participativa e igualitária, mas com perfis definidos, pois admiro aquelas pessoas que possuem  bem definido o seu caráter ideológico, mesmo que oposto àquilo que penso. Somente assim verdadeiros homens e verdadeiras mulheres se constroem. Para terminar, quero dizer que não é muito fácil estar numa tribuna, principalmente porque, de uma certa forma, fui pega de surpresa, mas me sinto muito orgulhosa e muito legítima em estar aqui. E também quero dizer à Bancada do meu partido e à Frente Popular que, com certeza, estaremos constantemente, se não aqui, ali atrás, sentada, para que, no momento em que precisarem de mim, eu esteja disponível para que os nossos projetos, aquilo que construímos juntos, possam  valer, com toda a certeza, para essas pessoas que estamos representando. Muito obrigada. (Palmas.)

 

(Não revisto pela oradora.)

 

O SR. PRESIDENTE: A Mesa, antes de apregoar o próximo Requerimento, mais uma vez saúda a Vera. Maristela Maffei e quer deixar consignado que o pronunciamento da Vereadora foi estribado, protegido pelo Regimento, art.163, em que é possível suspender a Sessão - Ordem do Dia - para casos especiais como este, em que é a primeira vez que o Vereador, ao assumir seu mandato, faz um pronunciamento à Casa.

Requerimento, de autoria do Ver. João Motta, solicitando a realização de uma Sessão Especial destinada a marcar a passagem dos 30 anos da Lei de Imprensa, no dia 14 de março de 1997.

Em votação. O Ver. Luiz Braz está com a palavra. Encaminha pela Bancada do PTB.

 

O SR. LUIZ BRAZ:  Sr. Presidente, Srs. Vereadores, Ver. João Motta, fico apenas com uma dúvida com referência ao Requerimento de V. Exa. A Lei de Imprensa é uma lei já superada através dos tempos e, hoje em dia, ela é rechaçada pela maior parte dos setores da nossa sociedade, tanto é que, dentro do Congresso Nacional, já tramita um novo projeto para fazer uma alteração dessa Lei de Imprensa, dando, assim, uma nova configuração às necessidades da nossa sociedade atual. Eu não sei se exatamente esse texto, que foi escrito há alguns anos, é que V.Exa. quer homenagear - porque acho que aí a homenagem não caberia, já que a própria sociedade está rechaçando este texto - ou se V.Exa. quer dar um novo enfoque, porque simplesmente homenagear a Lei de Imprensa com o enfoque atual eu acredito que não seria alguma coisa que nós, que representamos a sociedade, pudéssemos fazer, representando essa vontade dentro deste Plenário. Eu gostaria de ouvir o Ver. João Motta, porque  talvez ele tenha dado um enfoque diferente daquele que eu consegui compreender, pelo menos, dado o texto do Requerimento que foi apregoado pela Mesa. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE:  Com a palavra o Ver. João Motta, como autor do Requerimento.

 

O SR. JOÃO MOTTA:  Sr. Presidente, Srs. Vereadores, Ver. Luiz Braz, V. Exa. é um Vereador atento, até por sua relação com o meio, e flagrou de fato aquilo que poderia deixar dúbia a idéia do presente Requerimento. Mas, na verdade, se V. Exa. passasse um olhar atento na justificativa - característica de V. Exa. -, talvez ficasse mais claro. Na verdade, trata-se de uma  iniciativa nacional da FENAJ, da Federação Nacional dos Jornalistas, que está, neste dia 14, realizando eventos que podem ser atos, manifestações, debates, sessões, enfim, referentes aos trinta anos da  Lei de Imprensa, isso porque já existe um amplo consenso, como V.Exa. falou, no sentido de que esta Lei seja definitivamente sepultada, já que ela se caracteriza como sendo um dos últimos entulhos da chamada "legislação arbitrária" que se constituiu no Brasil nesses últimos anos. Pois bem, a idéia é que nesse dia, aqui em Porto Alegre especificamente, tenha-se um momento de debates e de reflexões, envolvendo não só a FENAJ, mas também a AGERT,  que é uma associação que tem participado ativamente na discussão do novo Projeto de Lei que está tramitando no Congresso. Na verdade, nós queremos alimentar esse debate que está, por hora, meio que paralisado no Congresso, e nós sabemos a importância - V. Exa. deve saber disso - que tiveram, não só aqueles jornalistas que nos representam, que representam o setor da imprensa por parte dos jornalistas na FENAJ,  que articulam, dentro do Congresso Nacional, essa nova legislação, bem como a importância que teve a AGERT, aqui no Rio Grande do Sul, na elaboração dessa nova lei do Congresso. Portanto, meses depois, nós queremos propiciar que essas partes que tiveram um papel decisivo na elaboração desse Projeto de Lei que está tramitando no Congresso sentem, novamente, à Mesa, aqui na Câmara de Porto Alegre, para realimentarmos essa discussão, esse debate, que vai, sim, no rumo de uma nova lei. Essa é a idéia do debate; a data está dentro de um calendário nacional, na medida em que essas atividades se desencadearão em todas as capitais. Aqui, no caso, a forma  como nós achamos que poderia vir a se viabilizar esse debate, com a presença da AGERT e da Associação Nacional de Jornais, era através de uma Sessão Especial, numa sexta-feira, às 14 horas, conforme orientação do Setor de Relações Públicas da Câmara. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. JOÃO MOTTA (Esclarecimento): Peço a palavra para um esclarecimento. Informo ao Ver. Luiz Braz, até pelo seu pronunciamento correto, que nós estamos substituindo o termo "homenagear" por "assinalar", que, tecnicamente, é o termo politicamente correto.

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. Reginaldo Pujol está com a palavra para encaminhar.

 

O SR. REGINALDO PUJOL: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, antes de falar, eu gostaria de ter em mãos o Requerimento, até porque, Sr. Presidente, o Requerimento, agora alterado, retira as dúvidas do Ver. Luiz Braz, na medida em que era uma Sessão Especial para homenagear os 30 anos da Lei de Imprensa, do dia 14 de março de 1967. Eu já havia falado com o Ver. Pedro Américo Leal - como eu, ele não foge à responsabilidade de ter participado da Aliança Renovadora Nacional e dos partidos políticos que sustentaram a Revolução de Março - que, diante desse contexto todo, achávamos que estava havendo uma certa "mea culpa" por parte do Ver. João Motta e que estavam começando a homenagear os feitos da gloriosa Revolução de março de 64. Um deles seria a homenagem à Lei de Imprensa. Ver. João Motta, o que se aprova não é a justificativa; o que se aprova é a ementa.  Essa foi a confusão que se deu há pouco em outro Requerimento. A justificativa é acessória; o principal é a ementa, que diz ser uma Sessão Especial para assinalar a passagem dos 30 anos da Lei de  Imprensa no dia 14 de março de 1997. É importante que se discuta o assunto referente à liberdade de imprensa, porque o tema vem sendo encarado há muito tempo, e não de uma forma direta, mas de forma oblíqua. Eu, como liberal, aprendi muito cedo que a liberdade é um bem  muito valioso e temos que  preservá-lo com tal intensidade que, pelos seus excessos, ela não se comprometa. Vejo, com muita freqüência - e até citei o Ver. Eliseu Sabino - por que entidades religiosas, com tanta freqüência, reclamam dos excessos que a liberdade de imprensa tem propiciado, afirmando, com propriedade, que a liberdade está se transformando em libertinagem, com ausência de uma censura prévia que defenda a moral e os costumes. Então, é um tema absolutamente válido. O mais importante, Sr. Presidente, é que está chegando o momento de começarmos a discutir se aquele Brasil de 30 anos atrás, ou o Brasil de 64, que se encaminhava por um caminho que, felizmente, foi interrompido, produziu tantos efeitos que não se pode, agora, ignorá-la pura e simplesmente. É preciso que todos aprendam que, no período de reorganização institucional brasileira, muita coisa de positivo foi feita e que a postura de, simplesmente, aniquilar com aquele período tem dado prejuízos incalculáveis a esta Nação. Por exemplo, extinguir o BNH para terminar com um dos símbolos da Revolução de março levou o povo brasileiro à situação de não dispor de nenhuma alternativa habitacional para as suas famílias, com o Estado se retirando por inteiro neste período. Então, Ver. João Motta, ainda que o objetivo declarado na sua justificativa seja um, eu vou votar a favor, porque quero que ocorram, nesta Casa, oportunidades de debatermos, frente a frente, essas situações. Vamos ver se os malfadados 20 anos, que eram tão levantados pela oposição da época, foram tão ruins assim, ou se neles ocorreram tantas coisas boas, como eu acredito que ocorreram, que é preciso que muitas delas sejam resgatadas no interesse da sociedade brasileira. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE:  Em votação o Requerimento do Ver. João Motta. Os Srs. Vereadores que o aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADO.

 

O SR. JOÃO DIB (Indicação): Sr. Presidente, dada a leitura feita por V. Exa., do convite de S. Exa., o Prefeito Municipal, para integrar o "Porto Alegre em Buenos Aires", a nossa Bancada indica o Ver. Pedro Américo Leal.

 

O SR. PRESIDENTE: Nós vamos, na reunião da Mesa, anotar essa indicação.

Requerimento, de autoria do Ver. Pedro Ruas, solicitando que seja realizada Sessão Solene no dia 12.08.97, destinada a homenagear a passagem do Dia do Advogado.

Em votação. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que o aprovam permaneçam sentados. (Pausa.)  APROVADO.

Passamos ao

 

GRANDE EXPEDIENTE

 

O Ver. Décio Schauren está com a palavra. Cede seu tempo ao Ver. Juarez Pinheiro. O Ver. Juarez Pinheiro está com a palavra.

 

O SR. JUAREZ PINHEIRO: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, na verdade, nós viríamos a esta tribuna para comentar as afirmações tragicômicas do "Imperador Fernando II", relativamente à interferência do Poder Judiciário, junto ao Poder Executivo, ou seja, o Judiciário estava imiscuindo-se em questões do Executivo. Isso é piada! Nós estamos sabendo que está sendo liberada, pela Magistratura, uma campanha nacional em favor da cidadania e contra essa concentração exagerada que pode levar a momentos ainda piores do que aqueles por que passa a Nação com essa centralização de poderes do Presidente Fernando Henrique Cardoso. Considero uma piada do Presidente da República, quando ele diz que, pela decisão do Supremo, - uma casa que, antes de fazer o Direito, tem feito muita política e, agora, juridicamente, estende, aos servidores civis da União, direitos antes alcançados apenas aos servidores militares -, o Poder Judiciário esteja invadindo área de competência do Poder Executivo. Quero, hoje, falar e ler um discurso - o que não é do meu costume - relativamente ao Plano Real, porque para nós esse Plano começa a "fazer água" e aumenta assustadoramente a dependência brasileira. (Lê.)

 

“PLANO REAL COMEÇA A FAZER ÁGUA E AUMENTA ASSUSTADORAMENTE DEPENDÊNCIA BRASILEIRA

 

A irresponsabilidade de Fernando Henrique Cardoso, seu servilismo ao capital internacional e a teimosia em não mexer no Plano Real estão levando o Brasil à perigosa situação, que coloca em risco o futuro da nação e aliena nossa soberania.

A irresponsabilidade de Fernando Henrique, entre tantos exemplos, pode ser emblematizada pela forma com que conduz a integração brasileira ao processo de globalização da economia. A política de escancaramento total de nossas fronteiras, sem exigência do mesmo procedimento por parte dos países centrais, e a aceitação sem críticas da lógica neoliberal da "industrialização seletiva", cumuladas com outros ingredientes que dão sustentação ao Plano Real, como as altas taxas de juros, está levando o país à desindustrialização. Para ser aceito como um sócio de segunda no clube da "nova ordem" e suas elites poderem receber o naco que acham que lhes cabe, desmantela-se o maior patrimônio brasileiro.

O servilismo de Fernando Henrique aos países centrais e ao capital internacional pode ser bem verificado em dois episódios lamentáveis de renúncia de um projeto nacional e de alienação de nossa soberania. Um crime já consumado, o outro a ser perpetrado nos próximos meses: estou me referindo a Lei de Patentes e a venda da Companhia Vale do Rio Doce. No caso da lei de Patentes, o Governo Federal concedeu aos EEUU  mais benefícios do que este solicitava e, ainda, pasmem, de forma retroativa. Já o cumprimento da ordem de privatização da Vale do Rio Doce, que detém o controle de 25º do mercado mundial de minérios, equivale a renúncia a qualquer projeto nacional, porque esta agência é um dos poucos sistemas globais do país que tem capacidade de atrair investimentos e financiamentos externos e manter uma inserção competitiva num mercado internacional altamente oligopolizado, como ensina Maria da Conceição  Tavares.

Por outro lado, o Plano Real começa a ‘fazer água’, sim senhores, começa a ‘fazer água’, e o que é pior, aumenta o nosso grau de  dependência de forma assustadora. O antes considerado inexpugável Plano Real começa a preocupar, por suas debilidades, os investidores internacionais e, principalmente, o Governo brasileiro, embora esse faça força para dizer que vai tudo bem. Para os analistas econômicos sérios deste País, isso não causa nenhuma surpresa, eis que há uma vasta experiência internacional com programas de estabilização que abusaram da ancoragem cambial. Duas questões são as maiores ameaças para o Plano Real e, com certeza, em breve tempo, farão com que essa armadilha que foi imposta pelo FMI,  pelos países centrais, pelo Banco Mundial e data como autoria do Governo de Fernando Henrique Cardoso, tenha sido impingida a Nação. Refiro-me ao déficit da balança comercial e ao déficit público. O déficit da balança comercial, ou seja, quando as importações superam as exportações, o que no Brasil começou a acontecer ao final de 1994, mais precisamente em novembro de 1994, em 1996, atingiu o valor de 5,5 bilhões de reais. Quero, então, dizer que são duas as questões da Balança Comercial: o fato de ter atingido um déficit de 5,5 bilhões de reais e a questão do Orçamento da União, ou seja, nós estamos gastando mais do que arrecadamos e, em 1996, isso atingiu 14,8 bilhões de reais."

Vou deixar de ler para que possa aproveitar o meu tempo. Não há saída para o Plano Real. E por que não há saída? O Governo não tem como mexer na valorização cambial. Se mexer na valorização cambial, ou seja, possibilitar, desvalorizando o real, que  exportadores possam vender seus produtos lá  fora de uma forma competitiva, volta a inflação. Se o Governo baixar os juros que fazem com que a nossa indústria não consiga ter capital de giro e sequer fazer seus pagamentos, acontece o processo de "mexicanização", ou seja, os capitais voláteis do mundo financeiro internacional são retirados deste País. Além do mais, esse procedimento cumulado com o pagamento de serviços, ou seja, os nossos dólares que são deixados pelos nossos turistas que viajam para o exterior, em consideração com os que aqui vêm, que deixaram déficit de 3 milhões em 1996. Consideramos que o Governo não tem como mexer no orçamento da Nação, equilibrar as suas contas, porque 50,63% é pago em juros e amortização da dívida. Nós comentávamos anteriormente, agora, mas eu gostaria de abordar esse assunto de uma forma mais tranqüila, porém, isso não vai ser possível. A nossa dívida interna saiu de 108 bilhões para 177 bilhões de dólares, ou seja, o  nosso endividamento é cada vez maior. De nada adianta o projeto de organização social que vem aí, na reforma de Bresser Pereira, pois tira mais dinheiro da saúde e da educação; e cada vez mais estamos dependentes e com mais desempregados. Nosso desempenho econômico, segundo as últimas estatísticas, entre 28 países da América e do Caribe, levou o nosso País para a 18.ª colocação. As nossas exportações nunca estiveram  tão baixas como no ano de 1996. Quero dizer que é uma irresponsabilidade e que o Plano Real cada vez nos endivida mais. A Nação vai pagar um preço demasiadamente alto por quem aliena a soberania desse País e quem vai deixar, agora, o povo sem saúde e sem educação. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. Luiz Braz está com a palavra em tempo de Liderança.

 

O SR. LUIZ BRAZ: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, vou falar de um assunto que vai desagradar, sobremaneira, o Partido dos Trabalhadores, porque este não gosta de falar de assuntos municipais, ele gosta muito de tratar dos assuntos nacionais. No "Correio do Povo" de domingo saiu uma matéria muito interessante, que eu gostaria que os Vereadores do PT  lessem, porque na pág. 11 diz: "Área rural qualifica Porto Alegre. As 800 propriedades rurais de Porto Alegre que ocupam uma área de 11 mil hectares, dos quais uma parte é destinada às atividades de produção primária e outra também significativa aos sítios de lazer, têm papel fundamental na indicação da ONU que apontou a Capital gaúcha como a de melhor qualidade de vida do País". Estou lendo este trecho aqui, porque quem pega o Projeto do Plano Diretor que está aqui nesta Casa, tramitando desde o ano passado, sabe que a intenção da Administração Popular é liquidar com a área  rural de Porto Alegre. É fazer com que a área urbana tome conta de todos os limites de Porto Alegre, fazendo com que, aos poucos, Ver. João Dib, a área rural realmente vá diminuindo. Nós temos, hoje, em Porto Alegre, cerca de 40% da área rural. Mas, dentro deste Projeto que foi apresentado nesta Casa, pela Administração chamada Popular, o que nós vamos ter é a transformação desta área rural numa área urbana. Fazendo o quê? Fazendo com que haja um aumento de impostos para aqueles produtores que estão lá naquela região, fazendo com que, também, criem grandes vazios urbanos e, mais, fazendo com que cresçam as despesas do Município para levarmos infra-estrutura para as comunidades que serão criadas nesta área rural que, agora, vai se transformar em área urbana. Eu acho que, depois desta notícia, de que Porto Alegre só foi indicada como a Capital mais apropriada para a vida, indicação da ONU,  por causa desta área rural, eu acredito que, depois desta notícia, os Vereadores do PT  deveriam pedir para os seus administradores, para os Líderes do Executivo, que ou  retirassem este Projeto do Plano Diretor que tramita nesta Casa ou que mandassem uma Mensagem Retificativa para alterar esse Plano, pelo menos no que concerne a alguns pontos básicos. E um destes pontos básicos é exatamente este que transforma estes 40% de área rural em Porto Alegre em área urbana. Se notícias como estas que saem em jornais de circulação nacional, como é o caso do "Correio  do Povo", não sensibilizarem os petistas, acredito que pouco vai valer alguns Vereadores de oposição, mas que representam uma camada  muito grande da sociedade, tentarem fazer com que este Plano Diretor que está atualmente nesta Casa possa ser votado de uma forma mais  justa, mais humana, de uma forma que Porto Alegre possa continuar mantendo o seu bom padrão de vida, não por causa da Administração Popular, mas por causa de alguns fenômenos da natureza que Porto Alegre ganhou como dádiva divina, como é o caso de uma grande área rural que faz com que a nossa população tenha uma qualidade de vida muito boa pelo oxigênio, pelas matas, por causa de 40% de matas e de área rural que vêm propiciar para os urbanos uma melhor qualidade de vida. Mas o PT  quer acabar com isso, Ver. Pedro Américo Leal. Já acabou com tanta coisa na Cidade, já destruiu tanta coisa e agora quer destruir mais essa possibilidade de nós termos em Porto Alegre uma melhor qualidade de vida. Espero que a Bancada petista leia essa matéria no Jornal "Correio do Povo" de domingo, na página 11, e comece a discutir esse problema do Plano Diretor de uma maneira diferente. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Paulo Brum): Ocupará o período de Liderança, pelo PSDB,  Vera. Anamaria Negroni.

 

A  SRA. ANAMARIA NEGRONI: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, solicitei um aparte, mas creio que o ilustre Ver. Juarez Pinheiro não tinha muito tempo, estava muito empolgado com o seu discurso e não nos concedeu o aparte. Vereador, a quem prezo tanto, inclusive, V. Exa., que faz tanta questão do uso dos termos apropriados para nós Vereadores, enfim, lhe corrigiria, nobre Vereador, com relação ao uso do termos "FHC", "Presidente Fernando Henrique" ou coisa assim. Porque nós temos sempre utilizado esta tribuna, e temos utilizado "nosso Prefeito", "nosso Vice-Prefeito", "nosso Governador" e assim por diante para Executivos de outros partidos que não o nosso. Gostaria que V.Exa., da próxima vez que usasse a palavra, nesta tribuna, fizesse com o respeito que o nosso Presidente da República merece. V. Exa. fez muitas críticas aqui, mas não apontou solução alguma. Parabenizo o Ver. Luiz Braz pela brilhante manifestação, porque esse seria o tema do nosso discurso hoje. Faço minhas as suas palavras. Volto a falar sobre a GM.  Temos uma notícia no "Correio do Povo", na pág.11, também - parece que a pág.11 tem sido meio crítica com o nosso PT- : "Gravataí envia nova proposta para a GM". A Bancada do PT  na Assembléia Legislativa se absteve -  abster-se numa votação, perdoem-me os que pensam diferente, é muito pior, às vezes, do que votar contra - de votar, alegando os benefícios que seriam dados pelo Governo Federal à GM.  Gostaria de ler o final da matéria: (Lê.) "A GM quer mais tempo de isenção de pagamento de impostos municipais como o IPTU e vai aguardar até quinta-feira o encaminhamento de novas propostas por parte dos Prefeitos dos três Municípios interessados em sediar a montadora. Gravataí havia oferecido 15 anos de isenção, prazo que agora poderá ser ampliado para 20 anos". Pasmem, Senhores. Como fez o Governo em relação aos impostos estaduais? Eles se abstiveram de votar só para dizer que são contra por ser contra, pela crítica sistemática. Abstiveram-se de votar e, por esse motivo, agora, estão solicitando à GM, possibilitando esses 20%. Então, são contradições do Partido dos Trabalhadores que não podemos aceitar. O discurso do PT é realmente inaceitável. Muito obrigada.

 

(Não revisto pela oradora.)

 

O SR. PRESIDENTE:  O Ver. Eliseu Sabino está com a palavra em Grande Expediente.

 

O SR. ELISEU SABINO: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, neste momento, eu gostaria para expressar os meus sentimentos pelo falecimento do Sr. Mauri Maurer que, abruptamente, perdeu a sua vida. Queremos aproveitar o momento para trazer a esta Casa a manifestação de pesar e sentimento pela morte de um dos pastores da minha comunidade, Igreja Evangélica Assembléia de Deus, e  que foi muito conhecido por vários Vereadores, inclusive pelo Ver. João Dib, que é o Pastor Carlos Motta Sobrinho. Ele faleceu no dia vinte do mês corrente. O Sr. Carlos Motta Sobrinho foi um homem que exerceu um grande trabalho dentro da nossa comunidade, efetivando obras filantrópicas e sociais. Trabalhou, durante muitos anos, com o objetivo de reintegrar pessoas viciadas em drogas e outros. O Pastor recebeu o título no dia primeiro de abril de 1967, na Cidade de Rio Grande e, durante 13 anos, foi pastor da Igreja Assembléia de Deus, na Cidade de Canoas. Há 30 anos, vinha exercendo o ministério pastoral ao lado do líder espiritual, Pastor Missionário Nils Taranger. Também, por várias vezes, exerceu a função de Secretário e Vice-Presidente da nossa Igreja Assembléia de Deus, atuou nos diversos departamentos da Igreja, especialmente no departamento da Escola Bíblica Dominical, que é uma escola ilustrada para as crianças da nossa comunidade. Aliás, sou um dos alunos que passou pela ministração deste querido Pastor. Foi conselheiro da Casa Publicadora das Assembléias de Deus no Brasil, por várias vezes, foi Vice-Presidente do Lar Esperança de Porto Alegre, conhecido por V.Exa., Ver. João Dib, que muitas vezes tem passado por aquela entidade. Atuou como professor no Instituto Bíblico Esperança. Este homem tem relevantes trabalhos prestados a nossa comunidade e merece, nesta Casa, a menção do seu nome e a nossa manifestação solidária com a família, com a sua esposa Lucinda Motta, mais conhecida como irmã Lúcia, com os seus filhos Josué e Gilson, as noras Márcia e Marta, os netos Rafael, Tiago, Fernando, Ivan e Juliana. Manifesto aqui os nossos sentimentos.

 

O Sr. João Dib: V.Exa. me permite um aparte? (Assentimento do orador.) Ver. Eliseu Sabino, também quero me associar ao pesar que V.Exa. traz neste momento à tribuna. Realmente, o Pastor Motta é uma figura extraordinária.

 

O SR. ELISEU SABINO: Muito obrigado. Em segundo lugar, Sr. Presidente, Srs. Vereadores, gostaria de mencionar aqui, nos minutos que me restam, alguma coisa com relação ao que foi ventilado no dia 13 de fevereiro de 1997 pelo nobre Ver. Renato Guimarães. Ele tem se pronunciado em relação a uma matéria divulgada no "Correio do Povo", onde este Vereador manifestou a insatisfação pelo abandono e pela falta de apoio da Administração Popular com referência aos Conselheiros Tutelares. Sabem perfeitamente que este Vereador tem uma passagem pelo Conselho Tutelar. Nós nos sentimos responsáveis por alguma manifestação referente a alguma deficiência neste importante trabalho na nossa Cidade. É muito importante que, quando lemos e ouvimos da parte de V.Exa., Ver. Renato Guimarães, a sua manifestação no sentido de que Porto Alegre é o exemplo nacional do apoio e da construção de Conselhos Tutelares e também dizendo "falta muito a se construir junto aos Conselhos Tutelares", eu prefiro ficar com esse complemento da sua frase e, evidentemente, aceitaria a palavra "exemplo de construção de Conselhos Tutelares em Porto Alegre".

 

O Sr. Renato Guimarães: V.Exa. me permite um aparte? (Assentimento do orador.) Ver. Eliseu Sabino, não só com referência aos Conselhos Tutelares, no meu entendimento falta muito ainda, em Porto Alegre, para se construir uma política de proteção à criança e ao adolescente. E acho que essa atribuição tanto é do Executivo como é da sociedade de Porto Alegre. A sociedade de Porto Alegre e esta Câmara têm que lutar muito, têm que construir muito para a criança e para o adolescente de Porto Alegre serem protegidos. Esse é o meu entendimento. Foram essas as minhas palavras da tribuna.

 

O SR. ELISEU SABINO: Perfeitamente. Gostaria de contestar o que V.Exa. manifestou no seu pronunciamento, dizendo que nós nos manifestamos com relação ao apoio e também ao abandono do Conselho Tutelar, afirmando que eu retratava um quadro de terra arrasada. Na verdade, não é essa a expressão a que eu me propunha  quando manifestei minhas insatisfações com relação a algumas coisas que vêm realmente ocorrendo na parte interna do Conselho Tutelar. Aliás, o  Conselho Tutelar propriamente dito não é o mérito da questão. Eu, na verdade, me manifestei mais sobre a falta de apoio ao Conselheiro Tutelar, no exercício da função e da atividade. Mas já que V.Exa. tem manifestado que o Conselho Tutelar de Porto Alegre é exemplo, nesse sentido, é exemplo em nível nacional, eu gostaria de, evidentemente, colocar algumas coisas que são do conhecimento de V.Exa. e de pessoas que têm ido e exercido atividades nessa área: muitas coisas estão a desejar. Num próximo momento, eu vou manifestar-me sobre a falta de apoio ao Conselho Tutelar. Mas com referência ao Conselho Tutelar, nós temos a necessidade de uma entidade para autistas, criança sem qualquer atendimento pelos órgãos públicos. Necessitamos de um programa de gestantes adolescentes. É uma carência em nossa Cidade. Para crianças com problemas psiquiátricos, existem apenas 10 vagas para internação em Porto Alegre, no Hospital São Pedro. Não existe um programa específico para crianças drogadas, crianças que praticam o vício da “loló” e outras coisas mais. São detalhes que nós temos e gostaríamos de nos aprofundar na medida do possível. Gostaria de dizer da nossa satisfação com relação ao pronunciamento da ilustre Vera. Maria do Rosário, em aparte, quando o Ver. Elói Guimarães estava falando sobre a solicitação para telefone de três dígitos. Acho que é uma grande necessidade, mas a minha preocupação é um radioamador que possa estar nas Kombis que fazem o plantão noturno. Estou encaminhando um Pedido de Providências em relação a essa parte. Essa é a bandeira que carrego e, juntos, iremos construir para que o Conselho Tutelar, em Porto Alegre, seja um exemplo em nível nacional. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE:  Com a palavra o Ver. Elói Guimarães.

 

O SR. ELÓI GUIMARÃES: Sr. Presidente, Srs. Vereadores. não tivemos, na semana passada, a oportunidade de reverenciar a figura que, inquestionavelmente, deixará uma lacuna muito grande em nosso país: o Professor e Senador da República Darcy Ribeiro. O Ver. Antonio Hohlfeldt, através de uma discussão de uma matéria, fez as manifestações, e a Casa, com ele, se solidarizou. Fizemos um minuto de silêncio. É preciso que se consigne nos Anais da Casa, pois os Anais são a história da Cidade, do Legislativo de Porto Alegre. Eu tive o privilégio de, em 1994, acompanhar o Professor Darcy Ribeiro, quando esteve em Porto Alegre, para receber o título de "Honoris Causa" das Universidades de Santa Maria e Pelotas, e pude avaliar a profundidade do pensamento do Professor Darcy Ribeiro, a maneira como ele colocava o seu pensamento, e pude avaliar como era  estimado esse grande professor latino-americano, porque era como um homem da América, como um homem do mundo, a maneira como ele tratava as questões que enfrentava.

Sr. Presidente e Srs. Vereadores, o Partido Democrático Trabalhista, o PDT, em especial, perde indiscutivelmente alguém que era o maior pensador do nosso Partido, evidentemente. Foi aquele que acompanhou o grande administrador deste País, que é Leonel Brizola. Colocava as idéias para que estas pudessem ser colocadas em prática, e toda a Nação sabe, posto que uma grande divulgação se deu em torno das idéias, do pensamento e da atuação do Prof. Darcy Ribeiro. Mas o Prof. Darcy Ribeiro prestou ao PDT, em especial, um grande serviço, como um grande pensador social, um antropólogo, um etnológo, um indigenista, um homem com profundo conhecimento da vida, da realidade brasileira. Ele lia, indiscutivelmente, o povo brasileiro. Às vezes, a gente fica imaginando que existem homens que deveriam viver eternamente, porque fico a pensar e, imaginem, quantas décadas, quantos anos, quantas passagens para se forjar uma personalidade da envergadura do Prof. Darcy Ribeiro? É como se um pedaço da Nação, do País caísse, é como se um pedaço do Brasil desaparecesse com ele, um homem de tanto talento, um homem profundo conhecedor da nossa realidade social. Toda a sua atividade, toda a sua luta se voltou exatamente para as crianças, basicamente as crianças. A primeira vez que ele fez essa referência eu estava presente, quando ele dizia assim, numa palestra feita a universitários: "Pois vejam vocês, na rua não existem galinhas, porcos, animais, mas existem crianças”. Vejam a profundidade da colocação do Prof. Darcy Ribeiro, quando chama a atenção para esse dado alarmante: na rua não há animais, mas há crianças, porque os animais têm um valor econômico e, como tal, não podem andar na rua; agora, criança, sim; esta perambula pelas ruas. Então, ele propunha, no seu grande ideário de professor, que se recolhessem as crianças e se desenvolvesse no Rio de Janeiro o grande projeto do Gov. Leonel Brizola, que executa as idéias do Darcy para uma escola para onde as crianças são recolhidas e ali têm uma assistência total e global, não só do ponto de vista pedagógico, como também do ponto de vista da saúde, enfim, da confraternização da criança naquele ambiente de estudo, de lazer e de recreio.

Então, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, não poderia deixar de fazer consignar para os Anais essa lamentável perda que o País sofre, a América sofre, porque o Darcy era um homem que conhecia a América do Sul, ele que era "Honoris causa", professor em diversas universidades latino-americanas; ele foi o idealizador da Universidade de Brasília e ele foi, em última análise, aquele que propôs ao Gov. Brizola não só a criação dos CIEPs, como de resto do Sambódromo, porque o Darcy tinha uma visão fantástica do carnaval. O  Darcy entendia que o carnaval era um momento, como o futebol também. Ele se manifestava sobre os mais diferentes temas. Era um momento de pátria, de cidadania quando a pessoa, naquele instante, ali, no carnaval, ou no campo de futebol estivesse, estava exercendo ali um momento de pátria, de cidadania.

 

O Sr. Nereu D’Ávila: V.Exa. permite um aparte? (Assentimento do orador.) Ver. Elói Guimarães, V.Exa. coloca muito bem esta homenagem ao Prof. Darcy Ribeiro. Só relembro, para inserir no discurso de V.Exa., que o "Jornal do Brasil", de ontem, e em continuação no dia de hoje, coloca quatro grandes nomes: um crítico de arte, que não lembro o nome, o Ferreira Gullar, Glauber e o Prof. Darcy. Em 1977, recém-egressos do exílio, os quatro pensadores dos diversos ramos da cultura nacional participaram de um grande debate do qual o “Jornal do Brasil” ontem reproduziu trechos e hoje continua. Ali, no depoimento do Professor Darcy Ribeiro, bem mais jovem, ele já colocava toda a sua preocupação com o destino do povo, com o destino dos índios, enfim, uma visão lúcida do Brasil de 77, ampliando uma visão do Brasil até o ano 2000. Ali se vê a genialidade do professor Darcy Ribeiro a quem V.Exa. tão bem traz hoje a homenagem, que não é do Ver. Elói Guimarães, mas é da Casa do Povo de Porto Alegre, como, de resto, a homenagem de todo o Brasil ao grande Darcy Ribeiro.

 

O SR. ELÓI GUIMARÃES: Eu agradeço a V.Exa.  Encerro, ultrapassando o tempo, para consignar nos Anais esta homenagem que nós entendemos de vida a essa grande figura da política brasileira que foi o Professor Darcy Ribeiro. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. Fernando Záchia está inscrito e cede seu tempo ao Ver. João Carlos Nedel.

 

O SR. JOÃO CARLOS NEDEL: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, entrei na política muito preocupado com a imensa falta de credibilidade dos políticos e custava a entender o porquê dessa imensa falta de credibilidade. Continuo preocupado. Vejo alguns detalhes nesta Câmara e vejo, também, com muito bons olhos a posse hoje da Vera. Maristela Maffei, que também vem imbuída desses propósitos meritórios. Recentemente, esta Câmara aprovou uma Moção de Solidariedade proposta pelo ilustre Ver. Gerson Almeida à Câmara de Vereadores de Bolonha, na Itália - sintoniza com Porto Alegre, nós estamos preocupados lá com a Itália -, o que eu achei, sinceramente, fora de propósito e desnecessária, pois ela pedia a atenção do Sr. Presidente da República, Chefe de Estado, para alguns detalhes; e foi aprovada, aqui, uma Moção de Apoio à luta pela Reforma Agrária e justa distribuição de renda em nosso País. Eu digo, ilustre Ver. Gerson Almeida e demais Vereadores, que, se um chefe de estado for repreendido no exterior por outro governo, seja quem for, vou defender esse brasileiro lá. Recentemente, nosso ilustre Prefeito, Raul Pont, esteve em Buenos Aires, falando no Fórum de São Paulo, numa promoção da Revista "América Libre", e se ele lá fosse advertido, eu o defenderia imediatamente. Pois nós aprovamos uma Moção, até em desrespeito ao nosso Chefe de Estado que, no meu entendimento, deslustrou nossa soberania e intrometeu-se em assuntos exclusivos do Brasil. Por uma deferência do Ver. Gerson Almeida, eu obtive contato com o original do texto e, como não entendo italiano, pedi que ele fosse traduzido. Pasmem Senhores! Lerei o que a Câmara de Vereadores da Bolonha aprovou: "O Conselho Comunal - Câmara de Vereadores - compromete a junta a fazer chegar ao Presidente Cardoso uma mensagem na qual se expressam os votos que o Governo Brasileiro tenha em maior consideração o respeito aos Direitos Humanos, com particular atenção aos direitos dos menores, e convida o Governo Brasileiro a assinar a Carta dos Direitos dos Menores, proposta pela UNICEF. Acrescenta, outrossim, o próprio empenho para assinalar à opinião pública e ao Governo Italiano a necessidade de salvaguardar o ecossistema, do qual a floresta Amazônica representa grande parte, segundo os programas contidos na agenda de 21 de abril e na Carga de Alborg."

Isso foi aprovado na Câmara de Vereadores de Bolonha. Não se falou em reforma agrária, não se falou em distribuição de renda. A Câmara de Vereadores de Porto Alegre foi induzida ao erro, aprovando uma Moção a cujo tema o documento original não se referia, e foi citado apenas na sua justificativa.

Eu me preocupo demais com quem assinou essa Moção, com as Bancadas do PDT, do próprio PT, que votou uma outra coisa que não constava no original, e com as Bancadas do PSB, do PPS que também foram induzidas ao erro.

Então, os Srs. Vereadores ficam mal colocados.

Sr. Presidente, como fica a Câmara de Vereadores perante o Sr. Presidente da República, que recebeu cópia da nossa Moção? Perante o Embaixador da Itália que também recebeu? Perante a própria Câmara de Vereadores da Bolonha, que vai estranhar receber uma Moção sobre uma coisa que ela não aprovou? Como fica o próprio Movimento dos Sem-Terra?

 

O Sr. Pedro Américo Leal: V.Exa. permite um aparte? (Assentimento do orador.) Eu estou ouvindo com muito interesse e com muita atenção o seu pronunciamento e me vem à cabeça fazer uma sugestão: que em casos como esse, em que a Câmara hipoteca solidariedade, deveria constar por extenso o nome dos Vereadores. É uma sugestão que faço, porque não sendo unânime a aprovação, seria muito mais cauteloso que fosse referido o elenco dos Vereadores que assinam e estão de acordo com ela. Aliás, eu sou um Vereador que muito protestei contra as moções.

 

O  SR. JOÃO CARLOS NEDEL: Realmente, constam os Vereadores que votaram na correspondência que a Câmara de Vereadores encaminhou, o que me preocupa ainda mais, porque esses Vereadores foram induzidos ao equívoco. Devemos repensar muitos assuntos para que os políticos voltem novamente a ter credibilidade. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. Gerson Almeida está com a palavra.

 

O SR. GERSON ALMEIDA: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, em função de falar logo após a exposição do nobre Ver. João Carlos Nedel, não só tomei a iniciativa de dar a ele, como está à disposição de qualquer outra pessoa, a cópia, não só da Carta aprovada em Bolonha, como da Carta dos Intelectuais, que é bastante ampla com relação aos dados e à situação no campo e na cidade no Brasil. Não se resumindo à questão da reforma agrária, cita vários assuntos, como os que o Ver. João Carlos Nedel colocou, inclusive com dados que dizem que 43% das terras férteis são mantidas na mão de 1% dos proprietários. Aí, vai uma longa Exposição de Motivos, em que a questão da reforma agrária é trazida como central e com dados que são conhecidos por todos nós no Brasil.

Quero tratar, especialmente, sobre uma intervenção feita pelo Ver. Nereu D’Ávila, em relação à matéria jornalística sobre uma possível candidatura do PDT numa frente com o PT. Quero, primeiro, dizer o seguinte: é natural que tanto o PT quanto o PDT discutam profunda e amplamente essa questão, com muitas opiniões diferentes, senão antagônicas. Mas, como é de conhecimento de todos, as direções partidárias é que falam pelos seus partidos. E, nesse caso, o nosso Presidente Estadual, Olívio Dutra, secundado pelas principais lideranças, municipais e outras, tem manifestado em alto e bom som a determinação do Partido dos Trabalhadores em se apresentar aliançado com o PDT no próximo pleito. Por quê? Por um entendimento muito simples: as nossas diferenças e eventuais opiniões distintas não se acabam quando nos aliançamos. Não é uma fusão que está sendo proposta; é a possibilidade real de dar uma resposta concreta, clara e forte ao verdadeiro rearranjo do Centro/Direita que está em curso no nosso País, inclusive, infelizmente, como agora, a entrada, se não em todo, pelo menos em parte, de mais um partido na frente de sustentação institucional do Governo Britto. Essa é a questão de fundo. Isso é que é mais importante. Quanto a quem será o candidato, sequer dentro do meu partido há decisão sobre isso. Temos, infelizmente, bons pré-candidatos a apresentar para o debate - assim como, suponho, o PDT e demais partidos que podem compor a Frente devem também ter boas alternativas -, mas o essencial é a importância política de haver uma representação dos setores democrático-populares para enfrentar essa verdadeira aliança conservadora que está se constituindo em nível nacional.

 

O Sr. Nereu D'Ávila: V.Exa. permite um aparte? (Assentimento do orador.) V.Exa. encaminha o assunto com bastante competência. Por isso é de estranhar - foi esse o sentido do meu pronunciamento, baseado no "Correio do Povo" de hoje - que uma Deputada Estadual do Partido, portanto com uma responsabilidade acentuada de representatividade, filha de um ex-prefeito que se notabilizou pelo diálogo, já venha atirando pedras, dizendo que o PDT é um partido decadente. Creio que para a construção desses objetivos, para 98, a Dep.ª Luciana Genro não está colaborando.

 

O SR. GERSON ALMEIDA: Entendo e acho importante o aparte, mas quero lembrar o saudoso Senador Darcy Ribeiro, que, num dado momento, alguns anos atrás, disse que o PT era a esquerda que a direita gostava. E, nas vésperas da sua triste morte, foi quem confidenciou ao ex-Governador Leonel Brizola que a situação política nacional impunha uma aliança com o PT, ou seja, na política, o debate amadurece e as pessoas têm essa possibilidade de irem-se convencendo quando o debate é feito de uma forma profícua.

Pois bem, isso é que gostaria de colocar. Quero aproveitar para tratar telegraficamente de três outros assuntos.

Primeiro: a ocupação de uma área de preservação ambiental no Morro da Glória, que já foi objeto de debate nesta tribuna e que estava marcada para hoje a desocupação. Foi feita uma reunião, motivada, inclusive, pelo Ver. Carlos Garcia, com vários moradores da área, na sexta-feira, perto do meio-dia, e, às cinco da tarde, a Prefeitura Municipal, através da SMAM, do DEMHAB  e de vários órgãos, produziu uma nova reunião em que foi adiada a desocupação que ia acontecer hoje e estabeleceu, então, fortemente, um processo de negociação para que seja mantida a área de preservação, a área de risco para a qual essas pessoas foram indevidamente encaminhadas, inclusive pelo próprio proprietário, por depoimento de várias pessoas - o próprio Ver. Carlos Garcia deve corroborar isso. Disseram que foram estimuladas pelo próprio proprietário a invadir a área, em mais um caso de utilização da ingenuidade e da boa-fé dos trabalhadores e trabalhadoras desta Cidade para servir aos interesses especuladores imobiliários.

Então, está bem encaminhado e me parece que se busca com isso uma solução sem maiores dificuldades.

Por outro lado, quero fazer uma referência, aqui, a uma declaração que o Ministro Jobim fez em Brasília e aqui, nos últimos dias, quando esteve no Rio Grande do Sul. Ele fala que o MST abriga foragidos da Justiça e fez uma dura crítica ao Movimento dos Sem-Terra: que ali haveria pessoas com ações judiciais - uma crítica política fortíssima do Ministro da Justiça. No entanto, eu tenho aqui o Processo nº 2726/84, na Vara Urca de Santo Augusto, em que o Sr. Carlos R. Speroto, uma pessoa importante na sociedade gaúcha entre os proprietários rurais, Presidente da FARSUL, responde por vários casos de crime. E o Processo foi instruído pelo juiz, que o colocou no art. 121 do Código Penal, que trata exatamente das questões de homicídio e assassinato. Há mais de seis meses está instruído o Processo e não se movimentam os seis volumes. O Ministro da Justiça pede rapidez e agilidade nos casos que envolvem os trabalhadores rurais sem-terra, no entanto, continua a trágica situação da Justiça brasileira: os pequenos são perseguidos pela dureza da lei e os grandes proprietários, muitas vezes, para eles essas durezas não servem, passando anos e anos livres quando cometeram crimes muito mais agudos do que aquelas pessoas humildes. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. Guilherme Barbosa está com a palavra.

 

O SR.  GUILHERME BARBOSA: Sr. Presidente, Srs. Vereadores. Os Vereadores devem discutir os assuntos do Município e também do Estado e do País, não só como cidadãos, mas porque as políticas nos outros níveis têm impacto direto sobre o Município. Mas eu gosto muito de discutir as questões do Município, Ver. Luiz Braz, e já tinha lido a matéria à qual V. Exa. se referiu, pena que V. Exa., ao que parece, não a leu toda ou não quis ler a parte muito importante, onde diz assim: "Esta posição privilegiada no "ranking" nacional incentiva a SMIC a prosseguir com a política de preservação e dinamização do meio rural resultante do diagnóstico elaborado em 1994". Esse diagnóstico a que V.Exa. se referiu e que o jornal traz foi elaborado com a SMIC, UFRGS e METROPLAN por iniciativa da SMIC. O objetivo é evitar que ocorra uma expansão nas áreas urbanas. Nós tivemos também num debate com o Secretário do Planejamento, Sr. Newton Burmeister, onde ele claramente disse que a idéia e o objetivo o eram exatamente outros. Eu concordo e disse, lá na rádio, que é preciso que fique exatamente mais fechado e definido esse objetivo da Secretaria, mas que não passa pela cabeça do Executivo Municipal reduzir a importância da área rural do nosso Município. Ao contrário, o que nós temos feito até agora no 1.ºe 2.º Governos e, com certeza, faremos no terceiro, é reforçar isso. A “Zero Hora” trouxe uma grande reportagem, referida, hoje, pelo ex-Ministro Paulo Brossard, ex-Senador: as terras do Estado estão valendo 50% daquilo que já valeram por falta de política do Governo Federal e Estadual. No Município, através da SMIC, cresceu o número de feiras, onde se colocam em contato direto o produtor e o consumidor - a Feira do Pêssego, criando mais mercado com o Uruguai, a Feira da Uva e da Ameixa. Quer dizer: todo o incentivo no nosso Município, o que não acontece no nível estadual e federal. Todas as cidades do Brasil já receberam a dádiva divina de ter uma área rural. Agora, por obra dos homens é que essa área acabou. Mas não é só Porto Alegre que recebeu isso, todas já tiveram isso. Agora, infelizmente, os homens não souberam cuidar dessa dádiva que inicialmente foi dada pela natureza.

 

O Sr. Luiz Braz: V.Exa. permite um aparte? (Assentimento do orador.) Ver. Guilherme Barbosa, eu sei que V.Exa., desde o início, concorda que a redação que veio no Projeto do Plano Diretor não é uma redação correta. Ela deve ser alterada. Mas, muito mais  do que isso, eu acredito que esta mudança de área rural para área urbana merece uma discussão bem mais ampla. Eu acho que V. Exa. também não é contrário a isso.

 

O SR. GUILHERME BARBOSA: Não, não sou, e eu diria que a redação não é suficiente. Mas está escrito lá que a área será definida como "rur-urbana", exatamente para manter algumas características rurais, mas que permita a intervenção do Município visto que ela já tem algumas características urbanas, como é o caso da Lomba do Pinheiro. Tudo aquilo lá era área rural e não permitiria uma intervenção formal do Município.

 Mas quero também abordar um outro tema que muito tem a ver com a Cidade, que é um problema de Porto Alegre, um impacto no País onde falta política do Governo Federal. Eu tenho, aqui, falado muito sobre isso e a Vera. Anamaria Negroni também chama a atenção sobre isso. Eu fui surpreendido, no sábado, na página 10 da "Zero Hora", do Jornalista José Barrionuevo, com uma pequena nota que dizia assim: "Casa - As medidas de incentivo ao financiamento da casa própria não entusiasmam o Presidente da FEDERASUL - Mauro Knijnik. Ele reconhece a boa vontade do Presidente FH, mas se dilui nos ralos da burocracia, da morosidade, das exigências absurdas, do longo percurso das decisões até a boca do caixa. A CEF - Caixa Econômica Federal - está financiando casa própria apenas nas páginas dos jornais".  Isso não é a manifestação do Presidente da FEDERASUL,  Mauro Knijnik. Dando seguimento a isso, o jornal “Zero Hora” de ontem, no Caderno de Economia, Ver. Fernando Záchia, traz esse tema, como tema central do caderno. Logo na página 2, um debate traz também uma manifestação do Eng. Sérgio Santana Pegoraro, Presidente do SINDUSCON.  O título do texto é: "Indústria da Construção de Notícias". E aí faz uma crítica contundente à política habitacional do Governo Federal. E, em seguida, nas páginas 8 e 9 da "Zero Hora", há uma matéria longa, de duas páginas, com o título: "O sonho da casa própria virou pesadelo". Vejam que coisa! Não é o PT falando, mas é a "Zero Hora" repetindo o que estamos dizendo aqui, Vera. Anamaria Negroni. É um problema muito sério. Todos sabemos que a questão da moradia em Porto Alegre, como em qualquer cidade do País, não será resolvida apenas com recursos municipais, que nós precisamos, além desses recursos, dos recursos do Governo Estadual e do Governo Federal. O Governo Britto matou a COHAB e, no lugar dela, colocou o quê? Nada!  Absolutamente nada! Se em Porto Alegre nós temos feito pouco - e afirmo isso -, temos feito mais do que os outros níveis de governo. E o Governo Britto, Ver. Luiz Braz - e esses são dados da Assembléia Legislativa, os que possuo -, no ano de 1995, não construiu uma casa, e acho que isso se repete em 1996. E como está colocado aqui, à mancheia, o Presidente da FEDERASUL, o Presidente do Sindicato da Construção Civil, o próprio jornal “Zero Hora” diz: "O governo federal, no máximo, tem boa vontade, porque de fato não implementa nada". Vejam o início da matéria do jornalista Flávio Ilha, na página 8 de ontem, desse caderno. Diz assim: "O governo passou os dois primeiros meses do ano preocupado em mudar para melhor a imagem de sua política habitacional ". Não mudar para melhor a política habitacional,  mas a imagem da política habitacional. "Foram anunciados, com  o alarde costumeiro, pelo Presidente da CEF, Sérgio Cutollo, etc.". "Com o alarme costumeiro do Presidente da CEF, Sérgio Cutollo"!

É preciso mudar essa situação, se não, o esforço do Município, que é grande e neste ano será bem maior, será absolutamente insuficiente. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE:  O Ver. Hélio Corbellini está com a palavra.

 

O SR. HÉLIO CORBELINI: Sr. Presidente e Srs. Vereadores. É a minha primeira mensagem, e, em respeito à Casa e para que não me traia, a lerei.

(Lê.) “Durante o recesso, não me fiz presente neste Plenário, mas acompanhei, atentamente, os debates travados pelos Vereadores, membros da Comissão Legislativa da Casa.

Embora tenha convivido, durante oito anos,  com o cotidiano do Legislativo Municipal quando dirigi a Secretaria do Governo, na gestão Olívio Dutra, e o DEMHAB,  na Administração do companheiro Tarso Genro, é preciso estar atento para apreender os novos significados desta investida, redirecionar o sentido do olhar político, aguçar a capacidade de análise para, assim, encontrar o ponto de intersecção necessário entre os diversos interesses individuais e partidários, capaz de propiciar o melhor projeto para a Cidade de Porto Alegre.

Esse projeto não pode se resumir ao que pensam e pretendem o Partido dos Trabalhadores e a Administração Popular, porque, se assim fosse, a democracia seria dispensável e, se assim acreditássemos, seria preciso estatizar a política e a cultura em nossa Cidade.

Neste sentido, é preciso dizer que muito do que foi conquistado por nossa população, nos últimos oito anos, se deve, também, paradoxalmente, à oposição vigorosa, qualificada, fiscalizadora e prospectiva que nossas Administrações aqui encontraram, bem como à participação crescente da sociedade, numa rica combinação de democracia representativa e direta, ambas insubstituíveis nas suas atribuições.

Com uma administração consagrada nas urnas, um Legislativo respeitado e reconhecido nacionalmente e com uma sociedade civil dinâmica e organizada, Porto Alegre reúne as condições necessárias para dar um salto qualitativo neste final de século.

 De nossa parte, Senhores Vereadores, devemos ter a preocupação de estarmos plugados ao que ocorre, não só na Cidade, mas no País e no mundo, pois não há possibilidade de invasão dessa nova realidade, onde os acontecimentos se dão em tempo real.

Pergunto aos nobres Vereadores: como abdicar de debater e criticar os projetos e atos dos governos estadual e federal, se nossa cidade é castigada pelos baixos salários, pelo desemprego e pela violência? Como deixar de estar atento à transformação do tempo e do espaço, como até ontem os compreendíamos, por força de um processo acelerado de globalização, com reflexos na política, nas relações entre as nações e as cidades no fluxo das informações, se o Mercosul exige de nós definições acerca do papel que Porto Alegre nele desempenhará?

 Em especial, nós do Partido dos Trabalhadores, devemos ter a sabedoria de desvincular o processo de globalização da chamada ideologia do neoliberalismo, que nada mais é do que uma forma muito particular de orientá-la.

 A globalização é um sonho civilizatório da nossa cultura ocidental, manifesto em aspirações religiosas, ideológicas ou mesmo em formulações filosóficas, visto que, neste último caso, não é outra a pretensão do conceito de universalidade. Por sua importância e inviabilidade, a globalização exige de nós, também, uma orientação.

 Com certeza, Sr. Presidente, seria mais cômodo para mim e para a Bancada do meu Partido, concordar que o Legislativo Municipal e a Administração Popular nada têm a ver ou podem fazer contra o crescimento do desemprego e da violência, por exemplo. Estaríamos repetindo o argumento que, historicamente, os administradores municipais utilizam, de que se trata de problemas pertinentes ao Estado e à União.

No meu entender, Srs. Vereadores, devemos transgredir este senso comum, colaborando para que a Administração Municipal, no que se refere à violência, enfrente este desafio com medidas concretas, como, por exemplo, o constrangimento dos chamados pequeno delitos, praticados pelo cidadão comum e de todas as classes sociais e que, somados às razões de ordem econômica e social, permitem o florescimento de um clima de tolerância, incentivador do grande delito.

 É bom lembrar que a grande maioria dos analistas sociais da violência reconhece hoje que, embora as suas causas mais profundas sejam estruturais, não é possível aguardar a mudança das condições sociais e econômicas da população para implementar medidas concretas com o sentido de diminuir os índices da violência urbana.

 Tomo o exemplo da violência, Ver. Pedro Américo Leal, para afirmar, com profunda convicção, que o Município deve procurar superar seus limites, todas as vezes em que estiverem ameaçadas a existência e a qualidade de vida dos seus cidadãos e porque estou levando à apreciação da Comissão de Defesa do Consumidor e Direitos Humanos um conjunto de propostas viáveis, para que Porto Alegre se some ao esforço de outras cidades do País, que vêm ousando na área de segurança, com atenção especial às crianças e aos excluídos.

Neste sentido, são bem vindas as iniciativas do Governo do Estado para reestruturar a área de segurança pública, embora peque por restringir-se à ação policial e pretenda instituir a chamada promoção de policiais por bravura, mecanismo que, no Rio de Janeiro, foi responsável pelo crescimento assustador de execuções de criminosos por policiais.

 Mas, me parece, Srs. Vereadores, que o debate acerca da segurança começa a mobilizar a sociedade, que passa a entender que, assim como a saúde e o saneamento,  ela também faz parte da qualidade de vida de uma cidade. A escala da violência em Porto Alegre exige do Poder Público Municipal e de nós, Vereadores, ousadia e criatividade, e o tema da segurança deve ser preocupação permanente também da sociedade organizada e ponto de discussão do Conselho do Orçamento Participativo.

 Penso, Srs. Vereadores, que, na atual realidade, devemos e podemos ir além do nosso papel de fiscalizadores e propositores das leis, provocando e estimulando ações e parcerias que mobilizem todas as esferas do Estado e da sociedade civil, sob a égide da chamada ‘Responsabilidade Social’.

‘Responsabilidade Social’ de todos os partidos políticos e de todos os segmentos sociais: criadora de um novo pacto entre o capital e o trabalho, capaz de, a partir das cidades, produzir um novo patamar de desenvolvimento para o País, estancando o vertiginoso crescimento do desemprego, da pobreza, da violência e da falta de perspectiva para grande parte dos trabalhadores.

 ‘Responsabilidade Social’ que resgate o respeito aos Direitos Humanos dos cidadãos, que transcendem a dicotomia tradicional entre o policial e o criminoso, porque alcança o direito do ser humano à terra, à habitação, à saúde, à segurança, etc...

Por este raciocínio, Vera. Maria do Rosário, o exercício permanente da ‘Responsabilidade Social’ pode precipitar uma transformação cultural em nossa Cidade, trazendo à luta pela garantia de uma vida digna a contribuição concreta de todos os estratos sociais. E o conseqüente respeito e a atenção aos Direitos Humanos, o renascer da mais generosa das utopias, porque sua essência é a preservação do indivíduo e da sua vida, independente de cor, sexo, religião, idade, classe social, convicções políticas e ideológicas.”

A utopia da garantia dos Direitos Humanos, Vera. Maria do Rosário, baseia-se na inclusão, diferente, portanto, de todas as utopias da modernidade, que, em nome de uma futura sociedade mais justa, justificaram a aplicação da violência e do terror contra seus inimigos ou adversários. Não é à toa que tanto no sonho nacional-socialista como no comunista, a felicidade só poderia ser alcançada pela suspensão dos direitos de uma parcela da sociedade. Em ambos, era ou a classe social, a cor, a religião, a raça, a convicção política e ideológica o que determinava o direito de viver ou mesmo de ter uma vida digna.

Srs. Vereadores, por tudo isso, escolhi integrar a Comissão de Defesa do Consumidor e Direitos Humanos desta Casa, presidida pela nobre Vera. Maria do Rosário, além do mais porque estou convicto de que este tema reúne os diversos problemas sociais que nossa Cidade e nosso País enfrentam.

Muito ainda precisa ser feito em nossa Cidade, e certamente o faremos com democracia, participação e solidariedade. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

O SR. PRESIDENTE: O Ver. Carlos Garcia está com a palavra em tempo de Liderança.

 

O SR. CARLOS GARCIA:  Sr. Presidente e Srs. Vereadores, nós vamos ainda debater um assunto essencialmente de Porto Alegre. Na semana passada, nós levantamos a questão dos invasores ali do Bairro da Glória e, exaustivamente, durante toda a semana, tivemos várias reuniões com o Executivo. O próprio Ver. Gerson Almeida participou, no final da manhã de sexta-feira, de uma reunião conosco e, à tarde, com o Secretário da SMAM e mais o representante do DEMHAB. Nessa reunião ficou acordado que a Prefeitura, naquela ação de despejo, não colocaria os meios para a remoção dos invasores. Momentaneamente, as pessoas que invadiram a área, e algumas há mais de 8 anos, estão seguras. Por que nós estamos dizendo "momentaneamente"? Porque a ação de despejo continua. Hoje à noite, haverá uma reunião do Orçamento Participativo no Bairro da Glória, e esse assunto será novamente tema. A discussão está bastante acirrada entre os moradores. Hoje, no período da manhã, os moradores estavam bastante nervosos, achando que poderia haver a ação de despejo, que, felizmente, não foi consumada. Nossa preocupação é que a ação de despejo não foi consumada até o momento, mas o que será feito com essas pessoas que estão lá há 8, 9 anos? O Poder Público deu água e luz para os moradores. Queremos que a política adotada para os sem-terra seja a mesma adotada para os sem-teto. Por quê? Porque o que é apregoado na área rural deve ser apregoado na área urbana. Essa preocupação nós estamos tendo.

Ao mesmo tempo, gostaríamos de fazer o registro de que no dia 26 estaremos realizando, aqui, neste Plenarinho, às 19 horas, um debate sobre propostas alternativas para o Orçamento Participativo em Porto Alegre.

 O que nós pretendemos é tratar da elaboração das peças orçamentárias - Plano Plurianual, Diretrizes Orçamentárias, Orçamentos Anuais. Com esse debate abre-se espaço para que a sociedade tenha a oportunidade de compartilhar da definição, metas e ações governamentais.

 Em síntese, é a idéia hoje muito conhecida, do Orçamento Participativo. Embora esta forma de governar se tenha tornado famosa no País a partir da experiência de Porto Alegre, gostaríamos de lembrar que a iniciativa de conceder à população o direito de apontar e encaminhar suas prioridades foi lançada pelo ex-Prefeito de Pelotas, no período de 1984 a 1986, e hoje Deputado Estadual pelo PSB, Bernardo de Souza. E é baseado nesta experiência que o Partido Socialista Brasileiro, recentemente, no Congresso Nacional, aprovou resolução pela qual todos os prefeitos filiados ao PSB deverão adotar práticas e metodologias de elaboração, execução e controle orçamentário com a participação da sociedade. Portanto, convidamos a população em geral e os nobres Vereadores a participar, junto com o PSB, de proposta alternativa para o Orçamento Participativo de Porto Alegre. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. João Dib está com a palavra em Comunicação de Líder.

 

O SR. JOÃO DIB: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, não pretendia usar a tribuna mais uma vez hoje, mas, tendo em vista o pronunciamento do Ver. Gerson Almeida, que não tinha, evidentemente, interesse maior em conspurcar o nome de uma pessoa, é que venho a esta tribuna, porque também assim me pede o Ver. Cláudio Sebenelo. Na verdade, a FARSUL disputou uma eleição no início do ano da qual saiu vitorioso o Sr. Carlos Speroto. É muito comum que, nesses momentos de disputa eleitoral, ocorram algumas afirmações que talvez não condigam com a realidade. O Ver. Gerson Almeida, evidentemente, não inventou nada; ele pegou documentos que lhe entregaram, mas ele também tem a responsabilidade de ser Vereador e fazer uma análise do que ocorre. Na verdade, o que de correto e efetivo existe nestes dois documentos que aqui estão é que, na Comarca de Santo Augusto, a família Kessler como autora, tem uma ação contra o Sr. Carlos Rivacir Speroto. A natureza do processo é homicídio e a data do último movimento do Processo é 1º/04/96. Processo concluso, diz aqui, "aguarda sessão do júri". Então, ele não foi julgado; não tendo sido julgado, ele pode ser, no máximo, réu, mas em dúvida, pró-réu. Eu não vejo por que na Câmara Municipal de Porto Alegre se atente contra uma pessoa que, se venceu uma eleição na FARSUL, não foi votado por tolos, foi votado por gente que o conhecia profundamente. E tudo que nós temos aqui são declarações de um desafeto: o Sr. Dorval Alves de Mello, tanto que, no momento da eleição, ele usou um documento com assinatura reconhecida em cartório,  apontando uma série de fatos contra a pessoa do Sr. Carlos Rivacir Speroto. Eu volto a dizer que o Sr. Speroto, que era Vice-Presidente da FARSUL  e que foi eleito Presidente da FARSUL, não foi eleito por pessoas que não o conheciam. O fato de ter matado uma pessoa talvez seja uma dor maior para ele do que para o próprio desafeto que ele tem, porque, tanto quanto o conheço, tanto quanto o Ver. Cláudio Sebenelo o conhece, tanto quanto alguns outros Vereadores possam conhecê-lo, ele é uma pessoa de bons sentimentos, é uma pessoa correta. Nada há aqui para incriminá-lo definitivamente. Aliás, o Ver. Gerson Almeida fez questão de deixar bem claro que ele não estava julgando o Sr. Speroto; ele estava dizendo que havia uma acusação de homicídio e ele pedia até que houvesse urgência na decisão. Evidentemente, com essa informação de computador, ninguém teria condições de saber por que até hoje não houve este júri em Santo Augusto.

 Repito: eu não pretendia falar, mas é bom que os Anais da Câmara registrem que alguém também se preocupou, como o Ver. Cláudio Sebenelo, eu e talvez outros, em defender a pessoa do Sr. Speroto, que, por enquanto, é réu, não é um condenado. Como eu disse, se ele foi Vice-Presidente da FARSUL por tanto tempo, se ele se elegeu, tranqüilamente, Presidente da FARSUL, parece que os seus companheiros de trabalho, seus companheiros de jornada o conheciam muito bem, porque quando esse tipo de denúncia ocorre, esse tipo de difamação gratuita ocorre e nada é levado em conta é porque realmente ele deve ser um homem correto. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Tempo de Liderança com o Partido dos Trabalhadores. O Ver. Gerson Almeida está com a palavra.

 

O SR. GERSON ALMEIDA: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, vejam que é preciso deixar claro, e agradeço a intervenção do Ver. João Dib. Eu já tinha conversado com o nobre Ver. Cláudio Sebenelo. Se, eventualmente, alguma margem à dúvida sobre o pronunciamento ficou, faço questão, da mesma tribuna, de esclarecer. Primeiro: não conheço o cidadão e acho que cometi um equívoco em citar seu nome aqui. A minha intenção não é nem citar o nome ou coisa do gênero, porque, na verdade, o objetivo da minha fala é demonstrar dois pesos e duas medidas da Justiça brasileira, coisa muito conhecida. Quero deixar bem claro que em nenhuma hipótese seja de minha iniciativa qualquer tipo de calúnia, difamação ou julgamento prévio de qualquer cidadão. Não o conheço e como não o conheço acho que é uma pessoa honrada "a priori". No entanto, reafirmo, claramente, a definição de que, neste País, o Movimento Sem-Terra é tratado como marginal pelo Ministro; os sem-terra são considerados bandidos, enquanto que os casos envolvendo pessoas de posses, de muita renda e com outra situação social, muitas vezes são relegados. Nós sabemos que são os célebres " casos de colarinho branco", que ninguém é preso, ninguém é condenado; agora, roubar uma galinha ou ocupar uma terra porque a nossa família, os nossos filhos estão precisando, para que o senhor, a mãe, a família tenha um lugar para plantar, esses são condenados e jogados à beira da estrada como marginais. Essa é a referência clara e evidente. O Ministro da Justiça não fala uma única palavra sobre os milhares de processos de pessoas que estão acusadas de crimes, porque ninguém é culpado até prova em contrário, e não são encaminhadas. Feito esse esclarecimento, agradeço a oportunidade que os Vereadores Cláudio Sebenelo e João Dib oportunizaram, na medida em que o meu pronunciamento, talvez, não tenha sido claro o suficiente.

 O Orçamento Participativo é tema - o atento Ver. João Carlos Nedel também já está com os documentos - que nos últimos dias foi objeto de justo debate dentro dessa Cidade. A Câmara de Vereadores precisa debater esta situação que diferencia a Cidade de Porto Alegre das demais cidades do País. Quero dizer o seguinte, nobres Pares: o Orçamento Participativo não deve ser algo que deva ser, de plano, refutado, ou considerado como uma ameaça ao pleno exercício do mandato parlamentar, legitimamente conquistado nas urnas. O Orçamento Participativo é uma expressão importante de uma máxima de que democracia não é apenas um voto na urna e que o cidadão é chamado a fazer de quatro anos em  quatro anos, ou de cinco em cinco anos, mas é a expressão do que nós precisamos, na situação das grandes cidades, dos graves e complexos dilemas que se apresentam. Quanto mais tivermos a participação popular direta, quanto mais pessoas estiverem envolvidas com a organização da Cidade, quanto mais pessoas estiverem envolvidas com o seu destino e tomarem a si, diretamente, a responsabilidade de tornar o lugar que vivem e moram lugar mais aprazível, melhor. Parece-me que devemos saudar isso e o Orçamento Participativo, talvez, seja a melhor expressão da possibilidade de que pessoas humildes - que não têm títulos, não têm anéis nos dedos, que não são especialistas - de que essas pessoas humildes sejam chamadas a participar; quando os dados estão fornecidos, quando são chamadas a participar, propõem soluções magníficas, soluções baratas, singelas, mas que têm uma direta expressão na sua qualidade de vida de uma forma imediata. Exemplo disso é a escadaria da Glória. E inúmeras pequenas e grandes obras que demonstram isso foram feitas não pela imaginação de um ou outro bom técnico, mas foram feitas pela realidade, pela experiência vivida por aquelas pessoas, que caminhavam, subindo o morro, em situação difícil, pisando em sarjetas. Essa experiência de vida lhes fez apresentar soluções que, até então, não eram vistas como possíveis. Isso é importante, e é um tema com o qual nós devemos ocupar o nosso tempo para aperfeiçoar, cada vez mais, essa experiência de democracia. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE : O Ver. Isaac Ainhorn está com a palavra e cede seu tempo à Vera. Anamaria Negroni, conforme autorização do seu Líder Ver. Nereu D’Ávila.  Com a palavra a Vera. Anamaria Negroni em Grande Expediente.

 

A SRA. ANAMARIA NEGRONI: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, em primeiro lugar eu gostaria de dar as boas-vindas a nossa Vereadora Suplente, Verª Maristela Maffei, que hoje faz o seu "debut" nesta tribuna. Agradeço, também, ao Líder do PDT, Ver. Nereu D’Ávila,  pela cedência do tempo do Ver. Isaac Ainhorn.

Já que ele me cedeu esse tempo vou fazer alguma coisa em defesa do PDT e a notícia que dá segmento à oratória do nobre Vereador, no sentido dessa imposição do PDT que provoca reação. Nós vemos isso como aquela punhalada pelas costas que o PT está dando no PDT, neste momento.

 Fazendo um parêntese nesse tema, eu lembro que no dia 17 de fevereiro nós perdemos uma figura maravilhosa, inclusive o nosso Ver. Elói Guimarães fez um belo discurso a respeito dele, uma pessoa singular: nosso Senador do PDT, Darcy Ribeiro. Acredito que hoje essa figura maravilhosa, inclusive intitulado o intérprete da alma brasileira, deve estar se remexendo no túmulo, porque 12 dias antes da sua morte - acho que ele faleceu sem saber disso - o Raul Pont dava aquela punhalada nas costas do PDT, baixando aquele decreto que foi publicado dia 5 de fevereiro matando a menina dos olhos do PDT, do nosso Darcy Ribeiro, que é o criador dos CIEPs. Com um simples decreto o nosso Prefeito terminou com essa denominação.

 Causa-nos bastante espanto, Ver. Nereu D’Ávila, que V.Exas., quatro pedetistas, aqui nesse nosso Plenário, não tenham feito nenhuma alusão a esse fato que nos parece bastante forte, porque eu, inclusive, já defendi os CIEPs, que são as escolas municipais. Nós constatamos que lá nas vilas as pessoas precisam desse tipo de escola. Eu defendi esse sistema em debates e entrevistas em rádio e televisão e realmente fiquei espantada por não haver nenhuma manifestação nesse sentido.

 Talvez não os pedetistas estejam se sentindo apunhalados covardemente, fazendo com que se sentissem como Júlio Cesar, dizendo "Até tu PT", mas já colocaria que, quem sabe, os brizolistas, não os pedetistas. Coloquei esse assunto, nesse final de semana, na praia, onde estive fazendo filiações para o meu partido. Conversei com aqueles brizolistas ferrenhos que se sentiram apunhalados. Admiro-me dessa pretensão de aliança do PDT com o PT, porque, na realidade, V.Exa. defendeu a palavra do nosso democrata Vice-Prefeito Fortunati, que muito bem defendeu o PDT. Por que não o Brizola? Eu gostaria de ouvir a sua palavra a respeito disso, Ver. Nereu D’Ávila.

 

O Ver. Nereu D'Ávila: V. Exa. permite um aparte? (Assentimento do orador.) Só para que nos Anais não conste uma injustiça de uma frase de V.Exa. dizendo que estranhava que nenhum Vereador do PDT tivesse feito referência à questão do Prefeito, extinguindo o título de CIEP. Injustiça, no sentido de que o Ver. Isaac Ainhorn reagiu depois do Decreto e até a coluna do consagrado José Barrionuevo colocou, claramente, que, depois que o Presidente do PT regional Olívio Dutra lançava Leonel Brizola para o Senado no próximo ano, o Prefeito no mesmo dia, ou no outro dia, fez esse decreto. E o Ver. Isaac Ainhorn, então, com perspicácia e oportunidade, reagiu. Não queria que constasse essa sua referência que nós não reagimos.

 

A SRA. ANAMARIA NEGRONI:  Agradeço a sua palavra. Complemento meu discurso em relação à GM. Muito bem me lembrou o Ver. João Dib da nota do "Correio do Povo", pág. 2, onde diz: "Lideranças do PT tentam reverter manifestação do Pref. Raul Pont que desprezou a vinda da General Motors para Porto Alegre. Olívio Dutra e Miguel Rosseto levaram apoio ao Pref. de Gravataí, Daniel Bordighon, também do PT, que parece sozinho na disputa pela GM". Era isso. Muito obrigada.

 

(Não revisto pela oradora.)

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. Reginaldo Pujol está com a palavra em tempo de Liderança.

 

O SR. REGINALDO PUJOL: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, notícias inseridas nos nossos principais órgãos de comunicação, neste último fim-de-semana, informam sobre a situação daquelas famílias que moram de forma irregular no Morro da Glória, e que têm vindo a esta Casa com freqüência e têm sido atendidas na maioria das vezes pelo Ver. Carlos Garcia, que não tem poupado esforços no sentido de ouvi-las e buscar uma solução  favorável aos seus clamores. A solução final anunciada, se de um lado não surpreende na medida em que se informa que será cumprida uma decisão judicial, e as suas decisões judiciais são para serem cumpridas, de outro surpreende sobremaneira, quando se afirma que a Administração Municipal está lavando as mãos com o problema, dizendo que não irá oferecer meios para que a remoção se realize, na alegação de que isso seria de responsabilidade do requerente da medida, e não haveria de oferecer, por via de conseqüência, alternativas para relocalização daquelas famílias necessitadas que, absolutamente em desespero, se localizariam naquele lugar de encosta do Morro, que foi entendido pela Administração Municipal como um local inadequado.

 Eu não vou, Sr. Presidente, sequer discutir a circunstância de que a aclividade do local seja inferior à área que já foi urbanizada pelo Município, dando condição de habitação permanente para algumas famílias ali ao lado onde a situação se resolve ou se projeta. Eu vou é manifestar a minha mais ampla preocupação, e até revolta, com as circunstâncias de que estejam sendo jogadas ao relento cerca de 60, 80 famílias e que o Município esteja agindo como Pilatos: lavando as mãos.

Eu acredito, com toda a sinceridade, que estas notícias estejam mal colocadas na imprensa, porque não creio que o Município vá abandonar à própria sorte essas aflitas e necessitadas famílias que, em desespero, se localizaram naquele local há algum tempo e que, agora, despejadas judicialmente, precisam ter um órgão que, de direito - e não conheço outro organismo aqui em Porto Alegre que não o Departamento Municipal de Habitação -, aja emergencialmente, encontrando um local para que ele se realize. É mais ou menos, Ver. João Dib, o que aconteceu com a Nova Santa Rita quando, por decisão judicial, tiveram que desocupar uma área invadida. Nós diligenciamos com urgência na aquisição de uma gleba ou colocamos provisoriamente em situação extremamente precária e, depois, progressivamente, fomos levando os serviços mínimos essenciais, como a água, a energia elétrica. Hoje, existe um processo de urbanização que se complementa naquele local. Então, Sr. Presidente, quero, de uma forma muito serena, pacífica e tranqüila, dizer que, se existe uma decisão judicial, ela deve ser acatada. Não posso querer que se acatem outras decisões judiciais e que esta não seja acatada. Eu defendo o estado de direito em toda a sua plenitude. As decisões judiciais, ainda que não nos conformemos com elas, devem ser cumpridas, mas, na circunstância em que esta se realiza, têm que ser levados em conta alguns atenuantes: trata-se de um grupo de pessoas claramente necessitadas, que vivem em condições subumanas. Por incrível que pareça, na medida em que se leve a cabo a decisão judicial, ficarão em situação pior ainda.

 Então, quero fazer um apelo nesta Casa aos companheiros que representam o Partido dos Trabalhadores e, mais especialmente, ao Ver. José Valdir, homem com quem tenho tido algumas discussões, mas que eu prezo muito e que conheço das origens. Não dá, Ver. José Valdir, para se lavar as mãos numa situação como essa. Eu conto com V.Exa. para que não ocorra este fenômeno do Pilatos dos tempos modernos, que se encare a situação como a Administração Popular tem que encarar. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Estão encerrados os trabalhos.

 

(Encerra-se a Sessão às 17h47min.)

 

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